Cardiologistas alertam que coração já mata mais a bordo de avião que os desastres aéreos

O Brasil Prevent, congresso de prevenção de problemas cardíacos que começa hoje (dia 30), no Hotel Windsor Atlântica, no Rio de Janeiro, vai alertar que no ano passado já morreram mais passageiros de infarto e AVC durante viagens aéreas, do que em desastres de avião.
 
“A IATA confirma 486 mortes em 22 desastres aéreos no mundo em 2011, enquanto 490 pessoas faleceram por emergências cardiovasculares em viagens aéreas”, conta Sergio Timerman, do Comitê de Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
 
A equipe do especialista vai aproveitar o evento, que inclui uma Tenda da Saúde na praça Garota de Ipanema, no Arpoador, para demonstrações do TECA, o sistema brasileiro de ressuscitação cardiovascular.
 
“Precisamos multiplicar o número de pessoas, profissionais de saúde e leigos com conhecimento das manobras a serem feitas em caso de emergência cardíaca”, explica o presidente da SBC, Jadelson Andrade. Sua preocupação decorre de uma pesquisa do FAA – Federal Aviation Administration a qual comprovou que em 85% dos voos internacionais há pelo menos um médico a bordo, mas apenas 1% desses profissionais sabe fazer massagem cardíaca e se sentiria confortável usando um desfibrilador para atender a um infartado.

O Brasil Prevent reúne especialistas do mundo inteiro para discutir como brecar a epidemia de mortes cardíacas que, só no Brasil, mata 320 mil pessoas a cada ano. Para Timerman, as ações precisam incluir cuidados especiais quando alguém com problemas cardíacos embarca num voo de mais de quatro horas de duração.

“Atualmente temos oito emergências médicas por dia em aviões no mundo e muitas resultam em morte”, diz Timerman, e o problema é consequência do maior número de viagens, 350 milhões de passageiros anuais, da maior percentagem de idosos a bordo, da baixa pressão nos voos pressurizados, equivalente a 2.500 metros de altitude, da baixa umidade a bordo, de 10% e 20%, quando o ideal seria mais de 40% e o estresse do voo, pois muita gente ainda tem medo de avião e fica nervosa com a perspectiva de um voo.

As emergências mais comuns a bordo são infarto, derrame, embolia popular e a trombose venosa do viajante, coágulo que pode se formar em decorrência do longo tempo sem movimentação numa poltrona hoje com menos espaço que nos aviões do passado.
 
As recomendações do especialista são que, na existência de problema cardíaco, a empresa aérea seja avisada, pois medidas simples como pedir comida com pouco sal podem ajudar; é preciso tomar a medicação usual nos horários certos, ignorando a mudança de fuso horário durante o voo; dobrar a quantidade de água tomada (recomendação que no Brasil a TAM já faz aos passageiros), pois o voo desidrata, evitar bebidas gasosas, que dobram de volume e pressionam o pulmão, viajar com meias elásticas (meia contra varizes) e fazer exercícios isométricos, isto é, de tempos em tempos contrair os músculos das pernas e contar até 10 antes de relaxar.

Mais importante, porém, é ter condicionamento físico, não ser uma pessoa sedentária, explica Timerman, corroborando o que será apresentado pelo cardiologista Nabil Ghorayeb que, junto com o Ministério dos Esportes, quer fazer com que o brasileiro se exercite, mesmo caminhando, se for o caso, pois pesquisa recente mostrou que apenas 8% dos brasileiros fazem exercício regularmente. E o sedentarismo, juntamente com o tabaco, a obesidade, a hipertensão, diabetes e colesterol alto são responsáveis em última análise por imenso número de mortes evitáveis de brasileiros.

Fonte: Assessoria de Imprensa da SBC


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