RIO - Medicamentos antigos e baratos contra a hipertensão são tão
eficazes quanto os mais modernos e caros. A conclusão é de uma equipe
de pesquisadores suecos que desenvolveram testes com idosos hipertensos
e será discutida no Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia,
que começa domingo, no Rio. Segundo o secretário-geral eleito da
Sociedade de Cardiologia do Estado, Augusto Bozza, os remédios modernos
custam, em média, oito vezes mais que os tradicionais.
De 1994 a 1998, centenas de pesquisadores de quatro universidades da
Suécia, coordenados por Lennart Hansson, da Universidade de Uppsala,
acompanharam 6.600 hipertensos entre 70 e 84 anos submetidos a três
tratamentos distintos: um a base de diuréticos e betabloqueadores (que
eliminam o sal do organismo), outro com inibidores da enzima da conversão
(causadora da hipertensão) e um terceiro com antagonistas do cálcio
(vasodilatadores). "Os efeitos verificados foram exatamente os
mesmos", afirmou Bozza. O resultado foi publicado recentemente na
revista Lancet.
O médico informou que uma caixa com 48 comprimidos de diurético e
betabloqueadores (Propranolol e Atenolol estão entre os mais usados)
custa R$ 4, enquanto 20 drágeas dos inibidores da enzima da conversão
(Captopril, Enalapril e Lisinopril) e os antagonistas do cálcio (como
Nifedipina e Felodipina) saem por cerca de R$ 35. "As pessoas
tendem a achar que os remédios mais novos são melhores e, com isso,
acabam pagando muito mais, sem necessidade", disse. "Voltar
aos mais antigos significa uma grande economia para o Estado e os
pacientes."
Segundo Bozza, a maioria dos hipertensos abandona o tratamento por
causa do alto preço dos remédios. "O Brasil deveria seguir o
exemplo da Suécia, que, mesmo sendo um país rico, se preocupa com o
corte de custos na compra de medicamentos", afirmou. O 3º Consenso
Brasileiro de Hipertensão Arterial, de 1998, já preconiza que as
drogas mais indicadas para o combate à hipertensão são os diuréticos
e betabloqueadores, informou Bozza. "Médicos norte-americanos também
pregam esta prática." Ele ressaltou que nem todos os pacientes
podem tomar tais remédios. "Eles são proibidos para diabéticos."