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Jornal da Tarde
Data: 22 de maio de 2003
Pressão 12 por 8, agora, deixou de ser normal
Segundo cardiologistas, o índice antes
considerado saudável apresenta riscos ao coração. Exercícios físicos
podem prevenir doenças
Se você tem pressão arterial 12 por 8 e
acredita estar longe dos freqüentadores assíduos de consultórios médicos,
prepare-se para dar uma atenção especial à saúde. Cardiologistas
alertam que esse índice de pressão - que sempre foi considerado normal -
está muito próximo de um diagnóstico de hipertensão, caracterizado por
pressão 13 por 9.
A revelação saiu de um documento de novas diretrizes de classificação
de hipertensão arterial, apresentado há uma semana por médicos
norte-americanos. Pesquisador do Incor e presidente da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo, Antonio Palandri Chagas diz que há
algum tempo médicos ainda consideravam o índice 13 por 9 como fora de
risco.
"Mas, ao longo dos anos, pesquisas mostraram que, mesmo em nível de
pressão normal (12 por 8), existe grande aumento nos riscos de doenças
cardiovasculares, principalmente derrame." Para Chagas, o ideal é
que a pessoa mantenha a pressão abaixo de ou até 12 por 8 e ainda
pratique exercícios físicos regularmente e tenha alimentação
balanceada.
Cardiologista do Instituto Dante Pazzanese, Ari Timerman explica que esse
conceito já existia. "O paciente com 12 por 8 é quase um hipertenso,
mas não quer dizer que precisa tomar medicamentos."
Segundo Timerman, os levantamentos são estatísticos e não se pode criar
uma "psicose" com esses números. "É preciso
individualizar os casos. Há diferença entre quem tem pressão 12 por 8 e
faz exercícios, se cuida, e quem leva vida sedentária e tem antecedentes
na família, o que torna maior o risco."
No mês passado, a aposentada Maria Thereza Veloso, de 54 anos, passou por
uma cirurgia no coração e chegou a ter pressão 16 por 8. "Fiz
esforço para chegar a 12 por 8, que sempre me falaram que era medida de
jovem." Maria ficou surpresa com a notícia e, ontem, iria pedir
orientações a seu médico.
"É difícil. Cada hora falam uma coisa."
Nilton Basili, de 56, se assustou. "Costumo ir ao médico uma vez por
ano.
Pensei que estava bem. Agora, tenho medo."
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que 300 mil pessoas
morrem todo ano no Brasil de doenças cardiovasculares - quase 50% delas
em decorrência de pressão alta. Estima-se que 30 milhões de brasileiros
tenham pressão alta
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