O tipo e a “dose” de atividade física
serão colocados na receita, como é feito com os remédios. Iniciativa
é da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Não estranhe ao ler em sua receita médica a prescrição de uma
nova classe de medicamentos: a atividade física. A partir de agora,
todos os cardiologistas brasileiros estão orientados a prescrever, além
dos remédios tradicionais, um programa de exercícios a seus pacientes.
A idéia é reduzir o grande número de pacientes com doenças cardíacas
no Brasil, que chegam a matar 400 mil pessoas a cada ano.
Segundo Nabil Ghorayeb, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC), quem pratica exercícios tem 34% a mais de chance de ter sucesso
na prevenção ou no tratamento de doenças cardiovasculares. “Como a
atividade física estará descrita na receita, esperamos que os
pacientes se estimulem mais do que quando o médico apenas falava”,
diz o especialista. “O exercício ganha conotação de remédio”,
completa.
Apesar de ver a iniciativa com bons olhos, o fisiologista Turíbio
Leite de Barros Neto, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
está preocupado com o conhecimento dos cardiologistas em prescrever
adequadamente a atividade. “Seria importante os médicos passarem por
mais cursos nesta área”, comenta. “Até me proponho a colaborar
nessa iniciativa, dando curso por meio do Centro de Medicina da
Atividade Física e do Esporte, da Unifesp”, afirma.
Ghorayeb, que é chefe do setor de Cardiologia do Esporte da SBC,
reconhece esse problema. “Tenho certeza que é uma questão de
tempo”, diz. Segundo outro diretor da sociedade, o cardiologista
Emilio Zilli, a indicação do exercício físico será dado mesmo para
as pessoas saudáveis, como forma de prevenção. “O que diferencia o
paciente cardíaco do não cardíaco em relação à atividade física
é a intensidade e freqüência do exercício”, explica Zilli.
De acordo com Barros Neto, a indicação de uma atividade deve levar
em conta três aspectos: que tipo de modalidade a pessoa gosta de
praticar, quais são os seus objetivos e como é a sua capacidade física.
“O médico precisa unir esses aspectos ao prescrever”, conclui.