Reduzir a pressão arterial é um desafio para 25 milhões de
brasileiros que sofrem com a hipertensão. Para quem mantém a pressão
12 por 8, considerada ótima pela Sociedade Brasileira de Hipertensão,
o difícil é evitar que os deslizes diários na dieta não contem
pontos para o problema no futuro.
Agora, pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados
Unidos, comprovaram que a DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension
), uma dieta à base principalmente de frutas e vegetais com alta
concentração de potássio (veja cardápio abaixo), reduz até 3 mmHG
(miligramas de mercúrio) da pressão sistólica (responsável pelos
batimentos cardíacos, a máxima) e 2 mmHG da diastólica (quando o coração
relaxa entre os batimentos, a mínima) em apenas duas semanas.
Depois de quatro semanas é possível diminuir em até 10 mmHG a
pressão sistólica. “Sabemos que a elevação da pressão sistólica
é a maior responsável pelos problemas cardiovasculares”, explica
Heno Ferreira Lopes, médico assistente da Unidade de Hipertensão do
Instituto do Coração (Incor), que participou do primeiro estudo DASH,
patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
Segundo ele, o segredo da dieta DASH está principalmente na baixa
concentração de gordura animal. Enquanto a Associação Americana do
Coração permite uma dieta com até 30% de gordura animal, na DASH esse
índice não pode ultrapassar 27%. Além disso, a dieta também
privilegia o alto consumo de frutas e verduras, principalmente as ricas
em potássio como banana, laranja, alface e agrião.
O regime também não é uma forma de perder peso. Para comprovar que
a dieta funciona realmente contra a hipertensão, todos os participantes
do primeiro estudo, realizado em 1997, em torno de 500 pessoas, não
sentiram diferença na balança. Isso porque as 2 mil calorias diárias
previstas na dieta são o suficiente para a alimentação de um homem
adulto. “O potássio funciona como um antagonista do sódio, principal
causador da hipertensão”, diz a nutricionista Isabela Cardoso
Pimentel, do Hospital do Coração. “Por isso, a dieta é usada como
parte do tratamento”, completa.
Para o cardiologista Celso Amodeo, presidente
do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (Funcor),
a DASH também demonstrou que o sódio é o grande vilão quando o
assunto é pressão alta. “Numa segunda avaliação, os pesquisadores
perceberam que a pressão caía muito mesmo quando a quantidade de sódio
era ainda mais reduzida na dieta”, lembra.
De acordo com Isabela, a dieta é importante no tratamento da
hipertensão. “Quem toma dois medicamentos para controlar a pressão
vai passar a tomar um, por exemplo”, revela a nutricionista. “Vale
lembrar que a DASH é uma dieta desenhada para os hipertensos, mas não
deixa de ser uma alternativa saudável”, diz. “Para quem não tem
problemas de pressão arterial, é possível fazer pequenas alterações
como incluir algumas porções a mais de carnes magras e substituir o
leite desnatado pelo semi-desnatado”, conclui Isabela.