Jornal do Brasil

Data: 07/06/2004

Viagra brasileiro ao alcance de todos

Primeiro remédio desenvolvido no país contra a impotência já está em fase final de pesquisa e deve ser até 30% mais barato

Os 10 milhões de brasileiros com mais de 40 anos que sofrem de impotência sexual vão encontrar em breve nas farmácias um novo remédio que combate a disfunção erétil. O medicamento será de 20% a 30% mais barato que o Viagra, produzido pela Pfizer, vendido, em média, a R$ 70.

- Estamos trabalhando para trazer ao mercado um produto com preço mais justo e mais acessível a uma parte da população que sofre com o problema e não tem dinheiro para comprar. O preço será inferior até pelos custos de nossas pesquisas, que são todas feitas no Brasil, assim como o desenvolvimento do princípio ativo - disse Flávio Trigo, diretor de Marketing da Cristália, laboratório responsável pelo remédio.

 

Gilberto de Nucci é o médico responsável
pelo estudo do novo medicamento

A fórmula do similar nacional, no entanto, já chamado de Lifafil, tem o mesmo princípio ativo dos concorrentes. A molécula desenvolvida pela empresa em parceira com a Universidade Estadual de Campinas foi extraída do Sildenafil, principal composto químico do Viagra.

 

- A função do Sildenafil é dilatar os vasos sanguíneos. Sua composição inibe o princípio da fosfodiesterase, que impede a dilatação dos vasos. Assim, ao ingerir o medicamento, o efeito se dirige a todo o organismo, dilatando também os vasos sanguíneos do pênis. No entanto, o medicamento deve ser tomado de forma responsável. Recomendo sempre aos meus pacientes apenas um comprimido a cada 24 horas - disse César Cardoso de Oliveira, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

 

- A primeira etapa já foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa, formado por profissionais da USP e da Unicamp. A etapa em humanos é sempre mais demorada e deve durar nove meses. Em julho serão feitas experiências com voluntários. Só em outubro o tratamento começará a ser feito em pacientes - disse Gilberto de Nucci, médico responsável pelo estudo do ''viagra brasileiro'' e presidente do Instituto Cartesius, da USP.

 

Depois de passar pelo Comitê de Ética, o medicamento ainda tem de ser aprovado pelo Ministério da Saúde. Para Nucci, a grande expectativa é quanto à duração do efeito do Lifafil. Os que estão no mercado possuem durações bem diferentes. O Viagra, quando ingerido uma hora antes da relação sexual, dura de quatro a seis horas, o Levitra, do laboratório Bayer-Glaxo Smith Kline, oito horas, e o Cialis, do Eli Lilly, chega a fazer efeito por 36 horas.

 

Mesmo com tantas opções para o tratamento da disfunção erétil, apenas um em cada 10 homens entre 35 e 74 anos fala com seu médico a respeito de impotência. De acordo com o urologista, as causas para o distúrbio podem ser as mais variadas, como o alcoolismo, que pode ocasionar alguma doença neurológica, o diabetes, e até mesmo uma operação de câncer na próstata em que o nervo peniano pode ter sido lesado.

 

- Além de problemas psicológicos, a baixa produção de testosterona e até o entupimento dos vasos sanguíneos têm de ser tratados. O primeiro passo é identificar as causas da disfunção erétil - recomenda Gromatzky.

 

Para Gromatzky, é muito importante ir ao médico quando é detectado algum problema de ereção.

 

- Há pouco tempo um homem de 30 anos me procurou. Ao analisá-lo descobri que a causa era um tumor no rim - lembra.

 

Bruno Rosa