Diário On Line

Data: 28 de agosto de 2002

 

Remédio para o coração causa disfunção sexual

 

Grande parte dos medicamentos usados no tratamento de problemas de coração aumenta os riscos de disfunções sexuais nos homens. Segundo os especialistas, até 20% dos pacientes apresentam falta de desejo ou impotência após o início da terapia. Esse será um dos temas em discussão amanhã durante o encontro de cardíacos promovido pelo Instituto do Coração (Incor).

 

"Isso geralmente acontece quando o homem toma remédios da classe dos betabloqueadores, que são os mais eficazes na prevenção de um segundo infarto o no tratamento da hipertensão", explica o diretor da Unidade de Coronariopatia Crônica do Incor, Luiz Antonio Machado César. "Mas os pacientes não devem suspender o remédio pois ele é fundamental para manter a pessoas viva e com qualidade de vida. Até porque não é todo mundo que desenvolve alterações sexuais", completa o médico.

 

Os betabloqueadores, usados por 60% dos pacientes infartados, assim como drogas mais antigas (alpha-metil-dopa e a clonidina), atuam no sistema nervoso central e na área do cérebro responsável pela libido. "Por isso o desejo sexual fica alterado em alguns homens", diz o diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), Otávio Rizzi Coelho.

 

De acordo com o especialista, muitos pacientes cardíacos já apresentam problemas sexuais antes mesmo de ter o ataque cardíaco ou uma angina, por exemplo. "as disfunções sexuais e os males cardíacos tem fatores de risco bastante semelhantes. Entre eles, destacam-se o tabagismo, o diabetes e até mesmo a hipertensão", acrescenta Coelho.

 

Ansiedade

Nem só os fatores orgânicos causam disfunções sexuais nos cardíacos. A ansiedade e a depressão provocadas pela doença são importantes fatores de risco para a impotência. "Acredito que o aspecto psicológico do paciente é a principal causa das dificuldades de ereção após um infarto", afirma o cardiologista Luciano Janussi Vacanti, que fez um estudo envolvendo pacientes do Incor e do Hospital Ana Costa, de Santos.

 

Segundo a pesquisa, 60% dos pacientes tiveram algum tipo de disfunção sexual após o ataque cardíaco, como dinuição no desejo sexual e redução do número de relações. "Outro trabalho realizado no Hospital Ana Costa demonstrou que os medicamentos da classe betabloqueadores não causam impotência", garante o médico. O estudo será apresentado dia 2 de setembro durante o Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia.

 

Como não pode ficar sem o medicamento, o paciente cardíaco tem solução para tratar a importância quando o problema está presente. Segundo os médicos, há no mercado duas drogas citrato de sildenafil e cloridrato de apomorfina, que atuam na ereção.

 

"O sildenafil não é indicado para cardíacos tratados com medicamentos à base de nitrato", explica o diretor do Instituto do Coração. O médico vai participar do encontro do Incor, que pretende debater a diretor do Instituto do Coração. O médico vai participar do encontro no Incor, que pretende debater a relação entre medicamentos, impotência e coração.

 

 

Cresce o risco de infarto entre as mulheres

A relação entre sexualidade e problemas do coração é um assunto que preocupa os médicos. Mas, uma tendência recente, apresentada entre as mulheres, tem preocupado os especialistas. O índice de brasileiras com problemas de coração cresceu consideravelmente nos últimos anos. No início da década, de cada 10 casos de infarto, nove eram registrados em homens e um em mulher. Hoje, a relação é de seis homens para quatro mulheres.

A preocupação é tanta que o assunto será um dos principais temas do Congresso Brasileiro de Cardiologia, que acontecerá em setembro na Capital. De acordo com o presidente do evento, Antonio Carlos carvalho, as brasileiras, especialmente aquelas que moram em regiões metropolitanas, estão mais sujeitas ao infarto porque passaram a disputar o mercado de trabalho. Isso inclui maior exposição ao tabagismo, estresse e alimentação inadequada.

 

A terapia de Reposição Hormonal (TRH) e sua influência no coração também está na pauta de discussões do congresso, que reunirá especialistas de vários países. Outro debate importante será o alerta da Organização Mundial de Saúde de que, em dez anos, o coração estará matando mais que o câncer, mesmo na faixa mais idosa da população.

 

Serviço

Palestra "Mitos sobre o uso de medicamentos na disfunção erétil e o coração". O evento é gratuito e acontecerá amanhã, às 14h, no anfiteatro do Instituto do Coração, na Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 44, em Cerqueira César. Informações pelo telefone (11) 3069-5103 ou pelo endereço eletrônico amigosdocoracao@incor.usp.br .