Remédio para o coração causa disfunção sexual
Grande parte dos medicamentos usados no tratamento de
problemas de coração aumenta os riscos de disfunções sexuais nos
homens. Segundo os especialistas, até 20% dos pacientes apresentam
falta de desejo ou impotência após o início da terapia. Esse será um
dos temas em discussão amanhã durante o encontro de cardíacos
promovido pelo Instituto do Coração (Incor).
"Isso geralmente acontece quando o homem toma
remédios da classe dos betabloqueadores, que são os mais eficazes na
prevenção de um segundo infarto o no tratamento da hipertensão",
explica o diretor da Unidade de Coronariopatia Crônica do Incor, Luiz
Antonio Machado César. "Mas os pacientes não devem suspender o
remédio pois ele é fundamental para manter a pessoas viva e com
qualidade de vida. Até porque não é todo mundo que desenvolve
alterações sexuais", completa o médico.
Os betabloqueadores, usados por 60% dos pacientes
infartados, assim como drogas mais antigas (alpha-metil-dopa e a
clonidina), atuam no sistema nervoso central e na área do cérebro
responsável pela libido. "Por isso o desejo sexual fica alterado
em alguns homens", diz o diretor da Sociedade Brasileira de
Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), Otávio Rizzi Coelho.
De acordo com o especialista, muitos pacientes
cardíacos já apresentam problemas sexuais antes mesmo de ter o ataque
cardíaco ou uma angina, por exemplo. "as disfunções sexuais e os
males cardíacos tem fatores de risco bastante semelhantes. Entre eles,
destacam-se o tabagismo, o diabetes e até mesmo a hipertensão",
acrescenta Coelho.
Ansiedade
Nem só os fatores orgânicos causam disfunções
sexuais nos cardíacos. A ansiedade e a depressão provocadas pela
doença são importantes fatores de risco para a impotência.
"Acredito que o aspecto psicológico do paciente é a principal
causa das dificuldades de ereção após um infarto", afirma o
cardiologista Luciano Janussi Vacanti, que fez um estudo envolvendo
pacientes do Incor e do Hospital Ana Costa, de Santos.
Segundo a pesquisa, 60% dos pacientes tiveram algum
tipo de disfunção sexual após o ataque cardíaco, como dinuição no
desejo sexual e redução do número de relações. "Outro trabalho
realizado no Hospital Ana Costa demonstrou que os medicamentos da classe
betabloqueadores não causam impotência", garante o médico. O
estudo será apresentado dia 2 de setembro durante o Congresso da
Sociedade Européia de Cardiologia.
Como não pode ficar sem o medicamento, o paciente
cardíaco tem solução para tratar a importância quando o problema
está presente. Segundo os médicos, há no mercado duas drogas citrato
de sildenafil e cloridrato de apomorfina, que atuam na ereção.
"O sildenafil não é indicado para cardíacos
tratados com medicamentos à base de nitrato", explica o diretor do
Instituto do Coração. O médico vai participar do encontro do Incor,
que pretende debater a diretor do Instituto do Coração. O médico vai
participar do encontro no Incor, que pretende debater a relação entre
medicamentos, impotência e coração.
Cresce o risco de infarto entre as mulheres
A relação entre sexualidade e problemas do
coração é um assunto que preocupa os médicos. Mas, uma tendência
recente, apresentada entre as mulheres, tem preocupado os especialistas.
O índice de brasileiras com problemas de coração cresceu
consideravelmente nos últimos anos. No início da década, de cada 10
casos de infarto, nove eram registrados em homens e um em mulher. Hoje,
a relação é de seis homens para quatro mulheres.
A preocupação é tanta que o assunto será um dos
principais temas do Congresso Brasileiro de Cardiologia, que acontecerá
em setembro na Capital. De acordo com o presidente do evento, Antonio
Carlos carvalho, as brasileiras, especialmente aquelas que moram em
regiões metropolitanas, estão mais sujeitas ao infarto porque passaram
a disputar o mercado de trabalho. Isso inclui maior exposição ao
tabagismo, estresse e alimentação inadequada.
A terapia de Reposição Hormonal (TRH) e sua
influência no coração também está na pauta de discussões do
congresso, que reunirá especialistas de vários países. Outro debate
importante será o alerta da Organização Mundial de Saúde de que, em
dez anos, o coração estará matando mais que o câncer, mesmo na faixa
mais idosa da população.
Serviço
Palestra "Mitos sobre o uso de medicamentos na
disfunção erétil e o coração". O evento é gratuito e
acontecerá amanhã, às 14h, no anfiteatro do Instituto do Coração,
na Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 44, em Cerqueira César.
Informações pelo telefone (11) 3069-5103 ou pelo endereço eletrônico