Atero News
Mensagem do Presidente
Prezados Colegas,
No início de março o Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia realizou um encontro como os nossos principais parceiros, para apresentar a atual gestão e para ouvir e trocar ideias sobre como podemos melhorar a comunicação e a colaboração. Foi um encontro muito agradável onde muito se falou sobre a utilização de ferramentas digitais como mecanismos de levar aos nossos sócios informações relevantes para o dia a dia.
Assim, já estamos preparando reuniões junto com os principais centros de ensino e pesquisa em aterosclerose e vamos disponibilizar discussões de artigos e veicular os principais estudos. Já nessa edição traremos um importante estudo apresentado no ACC 2020.
Um Abraço, e boa leitura a todos.
Prof. Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas “Chaguinhas”
Presidente do DA 2020/21
Destaque da Diretoria
Caminhando em direção à prevenção primordial e à medicina personalizada.
Já é conhecida a relação entre níveis elevados da LDL e Pressão Arterial com o risco de eventos cardiovasculares no decorrer da vida. Ao associar estes 2 elementos a uma avaliação do risco genético para Doença Arterial Coronária (DAC), através de um Escore Poligênico de Risco (EPR), poderíamos ter uma informação mais acurada a respeito do risco CV e intervir mais precocemente naqueles sob maior risco? Esta questão foi abordada pelo Dr Brian Ference de Cambridge, durante o ACC.20/WCC.
Foram avaliadas informações de 445.566 participantes do UK Biobank. Esses indivíduos tinham idade média de 57,2 anos na inclusão e 65,2 anos na última avaliação. O desfecho primário foi composto por eventos coronários maiores (ECM), definidos como a primeira ocorrência de Infarto do Miocárdio (IAM) fatal ou não fatal, ou revascularização coronária. Ao menos um destes eventos ocorreu em 23.032 indivíduos. Os participantes foram divididos em quintis baseado no EPR.
A primeira informação que o estudo trouxe foi que houve um aumento progressivo no risco de ECM à medida que aumentaram os quintis do risco genético refletidos no EPR. Desta maneira, participantes no quintil superior do EPR tiveram 2,8 vezes maior risco de ECM que aqueles classificados no primeiro quintil (8% vs 3,1%) (figura 1). Esta mensagem, que tem sido replicada na literatura recente, qualifica os EPR e os tornam candidatos a novo fator de risco para DAC.
Figura 1. PGS = EPR = Escore Poligênico de Risco
Outro achado relevante deste estudo foi que, para qualquer nível de risco genético, definido pelo EPR, a taxa de evento coronário variou até 10 vezes dependendo da exposição ao LDL colesterol e Pressão Arterial Sistólica (PAS) no decorrer da vida (figura 2). Por exemplo, homens no maior quintil de risco pelo EPR e que simultaneamente tenham elevado risco de eventos no decorrer da vida devido a níveis elevados da LDL e PAS tiveram 93% de ECM. Por outro lado, se estes mesmos indivíduos com alto risco pelo EPR tivessem níveis abaixo da média de LDL e PAS o risco de ECM desabaria para 8% durante a vida. Isto enfatiza a importância de identificar jovens com LDL e/ou PAS elevadas e tratá-los desde cedo.
Figura 2.
Desta maneira, quando combinado com a informação da LDL e da PAS, o EPR para DAC tem o potencial de ajudar a “personalizar” a prevenção da doença cardiovascular ao identificar pessoas que possam ter maior benefício com intervenções precoces para minimizar os efeitos cumulativos da exposição ao longo da vida da LDL e da PAS.
Dr. Paulo Behr
Vice-Presidente Dpto Aterosclerose SBC
Coordenador do Centro de Lípides Hospital São Lucas da PUCRS
1Ference BA et als. Integrating the Effect of Polygenic Scores, Low Density Lipoproteins and Systolic Blood Pressure on the Lifetime Risk of Cardiovascular Disease. ACC.20/WCC. (slides da apresentação original no site do DA).
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SBC/DA - Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia