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Atero News N° 3


Mensagem do Presidente

Prezados Colegas,

Recentemente perdemos alguns colegas, o que nos deixa muito tristes.

Um desses colegas foi o Prof. Armênio C. Guimarães grande amigo e médico que sem dúvida deixa muita saudade.

O texto de hoje foi escrito por seus colegas Dra. Neusa e Dr. Jayme, também ex-presidentes do Departamento de Aterosclerose.

Um Abraço,

Prof. Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas “Chaguinhas”
Presidente do DA 2020/21



Homenagem ao Dr. Armênio Costa Guimarães


Armênio Costa Guimarães, nasceu em Salvador, destacou-se por suas atividades como médico, professor universitário e membro de associações científicas. Médico dedicado e um grande amigo.

Graduado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMUF BA) em 1956, estagiou no Instituto Sabbado D’Angelo e no Hospital das Clínicas da FMUSP. No exterior, foi professor visitante da Universidade Cornell e bolsista do Departamento de Medicina da Universidade de Minnesota.

Professor Titular de Clínica Propedêutica FMUF BA (1972 a 1991), Pró-reitor de pesquisa e pós-graduação (1976 a 1979). Professor Titular da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública em 2003.

Membro emérito da Academia de Medicina da Bahia e da Universidade Federal da Bahia. Foi um dos fundadores da Academia de Ciências da Bahia, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia e desempenhou papel de destaque na Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Recebeu diversos prêmios, entre eles: Medalha Thomé de Souza, outorgado pela Câmara Municipal de Salvador; Mérito pelo desempenho do Grupo de Pesquisa e Doenças Cardiovasculares na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; Mérito Ético-Profissional pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia, Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Bahia e Homenagem da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) por sua trajetória dedicada à cardiologia no Brasil.

Na SBC foi: Presidente da Comissão Científica permanente (1985-1991), Sócio fundador do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Destaca-se sua atividade no Departamento de Aterosclerose da SBC desde a formação do Grupo de Estudos e Prevenção da Aterosclerose (GEPA) em 25/02/1989. Onde ocupo cargos de vice-presidente e presidente. Em sua gestão foi elaborado o I Consenso sobre Dislipidemias. Estimulou a criação da revista Atheros como órgão de divulgação da GEPA. Sempre prestigiou seus sucessores na direção do GEPA/DEPA/DA, aconselhando e participando ativamente.

Estimulou a realização do projeto Perfil lipídico da população economicamente ativa, cujos resultados foram objeto de apresentação em Congressos nacionais e internacionais e publicados em 1998 (The cholesterol level of a selected Brazilian salaried population. CVD Prevention 1998;1:306-17).

Armênio deixa 2 filhos: Isabel Cristina, médica e Paulo Roberto, engenheiro químico. Transmitiu seu amor pela medicina não só a sua filha, mas também a 3 dos seus 4 netos. Sempre afável, cordial, companheiro e disposto a colaborar, conquistou a amizade e respeito de seus pares e ficará para sempre em nossa memória.

Dra. Neusa Forti & Dr. Jayme Diament
Ex-presidentes do Departamento de Aterosclerose



Destaque da Diretoria


Stent-Related Adverse Events >1 Year After Percutaneous Coronary Intervention

Autores: Gabriel Mostaro Fonseca1, Eduardo Bello Martins2, Eduardo Gomes Lima2, Leon Pablo Cartaxo Sampaio2, Carlos Vicente Serrano Junior2

1. Residente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
2. Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: Departamento de Aterosclerose

Os stents farmacológicos contemporâneos reduziram a ocorrência de eventos em pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea em relação aos stents mais antigos, principalmente no primeiro ano após o procedimento. O artigo de Madhavan et al., publicado na edição de 18 de fevereiro de 2020 do Journal of the American College of Cardiology, avalia a frequência e os preditores de eventos cardiovasculares adversos de acordo com a geração de stent implantado: stents metálicos (BMS) vs. farmacológico de primeira geração (DES1) vs. farmacológico de segunda geração (DES2). O trabalho explora um tópico pouco conhecido, pois os eventos tardios (após um ano) relacionados à angioplastia não são bem descritos na literatura.

Os autores fizeram um estudo retrospectivo utilizando os dados de 19 ensaios clínicos randomizados. Os dados individuais de 25.032 pacientes constituíram um grande banco de dados, que permitiu a análise de dados populacionais e de desfechos em dois períodos distintos: eventos até um ano e eventos entre um e cinco anos. A duração dos estudos incluídos variou entre 3 e 5 anos de seguimento, com um seguimento médio de 4,1 anos. O objetivo primário do trabalho consistiu em determinar a ocorrência tardia (> 1 ano) de MACE (morte cardíaca, IAM e revascularização guiada por isquemia da lesão-alvo) relacionados à angioplastia segundo o tipo de stent (BMS x DES1 x DES2). Os autores também estudaram o conceito interessante de infarto da artéria culpada, cuja incidência, presente em pelo menos 11 dos 19 ensaios, foi agregada aos dados de óbito e revascularização da lesão-alvo para constituir o desfecho secundário de target lesion failure.

A figura central do artigo mostra que a incidência de MACE no primeiro ano após a angioplastia foi substancialmente maior nos pacientes que receberam stents metálicos (17,9%) e que a incidência de eventos reduziu conforme a evolução tecnológica do dispositivo (DES1 8,2% e DES2 5,1%, p < 0,0001). Contudo, no período entre um e cinco anos após o implante do stent, observamos nesta grande população de estudo que a incidência de eventos cardiovasculares segue uma taxa constante de ocorrência de cerca de 2% ao ano, independente da geração de stent implantado, porém, com uma significativa maior taxa de eventos com o implante de DES1 (BMS 9,7 DES1 11% e DES2 8,3%, p < 0,0001).

A análise de regressão identificou alguns preditores para a ocorrência de eventos nestes dois períodos, a maioria deles relacionados à própria ocorrência de eventos na doença arterial coronária, tais como diabetes, tabagismo recente. Alguns mecanismos relacionados à técnica de implante dos stents, como malaposição ou subexpansão da malha, e fenômenos como reações de hipersensibilidade, fraturas e neoaterosclerose foram propostos pelos autores para explicar essa incidência constante de eventos tardios. Portanto, há um risco acumulado substancial à saúde dos pacientes com doença arterial coronária submetidos a angioplastia no longo prazo, uma vez que muitos tem sobrevida de 10 anos ou mais. O trabalho aponta algumas soluções possíveis para minimizar essas complicações tardias, entre elas o emprego de malhas mais finas, técnicas de imagem para guiar a intervenção, dispositivos bioabsorvíveis e o tratamento agressivo de fatores de risco da DAC, como o diabetes e tabagismo.

Figura central do artigo




Referência
1. Madhavan et al. Stent-Related Adverse Events >1 Year After Percutaneous Coronary Intervention. J Am Coll Cardiol 2020;75:590-604.



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