Dispositivos e aplicativos móveis para apoio à reabilitação cardíaca
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destinatários leva à genuína e legítima preocupação sobre a segurança e confiden-
cialidade dos dados. Martinéz‑Pérez B e col publicaram em dezembro de 2014
uma atualizada revisão e um conjunto de recomendações sobre este tema cuja
leitura é recomendada
40
.
O segundo aspeto relaciona‑se com a eficácia dos dispositivos e aplicativos
móveis na mudança de comportamentos dos seus utilizadores. Mitesh SP e col
chamam a atenção para o facto de que os dispositivos móveis são facilitadores, e
não geradores, das mudanças nos comportamentos saudáveis
41
. Por outro lado,
Margaret McCartney reflete sobre a questão de como podemos avaliar se os
aplicativos médicos de facto funcionam e atingem os objetivos a que se propõem
alcançar
42
.
Finalmente, necessitamos duma profunda reflexão sobre quais os dispositi-
vos e aplicativos que foram suficientemente testados, em estudos clínicos rigoro-
sos, de modo a neles podermos depositar confiança suficiente para que possam
ser recomendados para inclusão nos nossos programas de reabilitação cardíaca
ou para que os possamos recomendar aos nossos doentes.
Existe ainda uma significativa indefinição sobre quem testa, avalia e certifica
os dispositivos e aplicativos para uso clínico e sobre quais as implicações éticas,
económicas e logísticas do seu uso. Quais as entidades que deveriam certificar
estes dispositivos e aplicativos? Se em relação aos dispositivos médicos para uso
clínico o INFARMED tem atribuições de certificação definidas na lei, o mesmo
não se passa em relação aos aplicativos móveis. Nos Estados Unidos da América,
a
Food and Drug Adminitration
emite regularmente as regras a que os dispositivos
e os aplicativos móveis devem obedecer para serem certificados por aquela enti-
dade para uso clínico
43
.
Pensamos que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e os seus órgãos
(associações especializadas e grupos de estudos) poderiam (e deveriam) pronun-
ciar‑se sobre os dispositivos e aplicativos móveis disponíveis no nosso mercado,
colocando a sua chancela de qualidade aos dispositivos e aplicativos que cumpris-
sem os requisitos de segurança e eficácia que a SPC definisse como adequados e
após uma cuidadosa avaliação dos mesmos por peritos qualificados.