Disfunção sexual, doenças cardiovasculares e exercício físico
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(DAC, HAS, DM etc.), é considerado um importante elemento na patogénese da
DE e também da DS feminina, sendo compreensível que os fármacos que atuam
via mecanismo de produção de NO, além de favorecer a função erétil masculina,
contribuam também para o desempenho sexual das mulheres, devido, por exem-
plo, à maior lubrificação dos órgãos genitais, proporcionando aumento de prazer
e redução da dispareunia
5,16,17
.
A DS é também influenciada por distúrbios psicológicos, com destaque para
a ansiedade e depressão
12,18
. Nesse contexto, as DCVs, a DS e a depressão são
descritas como a tríade de condições que frequentemente atuam em sinergismo
19
.
Com a diminuição de líbido e a maior ansiedade diante do ato sexual, as fantasias
e os estímulos sexuais tornam‑se insuficientes, impedindo o completar do ciclo
de resposta sexual em homens e mulheres
12,19
.
Influência do tratamento farmacológico da HAS na função sexual
Historicamente, o tratamento da HAS tem sido associado ao agravamento
do desempenho sexual, algo justificável devido aos mecanismos de ação e efeitos
colaterais dos fármacos antigos, hoje praticamente em desuso. A situação atual
difere consideravelmente, pois os antagonistas dos canais de cálcio e os inibidores
da enzima de conversão (IECA) têm-se revelado neutros, enquanto os modernos
betabloqueadores (ex: nebivolol e bisoprolol), os modernos diuréticos (ex: inda-
pamida) e os antagonistas dos recetores de angiotensina (ARA) parecem de facto
contribuir para melhorar a função sexual, inclusive da função erétil
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, embora
sejam necessários mais estudos aleatorizados.
Alguns aspetos do diagnóstico e tratamento da DS
A função sexual deveria ser sistematicamente abordada no consultório do
médico assistente, especialmente do cardiologista, tendo em vista a sua já explici-
tada importância como manifestação de fatores de risco cardiovascular e parâme-
tro de avaliação da qualidade terapêutica. O tratamento farmacológico da HAS,
por exemplo, para ser bem sucedido deveria beneficiar e não prejudicar a função
sexual. Portanto, não é correto aceitar como natural a deterioração da função
sexual como consequência do tratamento anti‑hipertensivo.