Tales de Carvalho, Sabrina Weiss Sties, Ana Inês Gonzáles, Gabriela Dutra de Carvalho
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Para esses doentes de alto risco, a atividade sexual deve ser adiada até que a
situação clínica esteja controlada, estabilizada
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.
Tem sido verificada uma maior ocorrência de eventos, como enfarte agudo
do miocárdio e morte súbita nos indivíduos com atividade sexual episódica, com-
parados aos que têm vida sexual ativa regularmente. Portanto, o risco aumenta
nos atos sexuais eventuais, principalmente nos casos extra conjugais, que envol-
vem maior emoção, com maior exigência cardiovascular. Como já foi destacado,
o risco de evento durante o ato sexual é inversamente proporcional à capaci-
dade física, sendo maior nos sedentários e nos que apresentam baixa capacidade
física
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. Sendo assim, torna‑se legítimo aceitar que as práticas regulares e frequen-
tes tanto de exercício físico quanto da atividade sexual representem a situação
ideal visando a vida sexual mais segura, livre de eventos cardiovasculares, o que
contribui para diminuir ainda mais um risco que já é baixo.
A maior capacidade de tolerar esforço físico, algo obviamente melhorado
pelo exercício físico, proporciona maior segurança durante o ato sexual, permi-
tindo um maior e mais intenso reportório de atividades, favorecendo a motiva-
ção, a líbido e o prazer, além de contribuir para um gradativo ganho de segurança,
com melhoria da autoimagem e da autoestima, com estabelecimento de um ciclo
virtuoso em prol de uma vida sexual de boa qualidade. Algo de grande impor-
tância, especialmente para os cardíacos que já sofreram o impacto de um evento
cardiovascular
major
, como o enfarte do miocárdio, ou foram submetidos a inter-
venção coronária por cirurgia de revascularização miocárdica ou angioplastia.
Em síntese, a atividade sexual pode ser indicada sem restrições somente
para doentes que suportam uma carga entre 3‑5 METs, na ausência de angina,
dispneia excessiva, alterações isquémicas no ECG, cianose, hipotensão ou arrit-
mia de repercussão hemodinâmica. Os doentes de alto risco devem ser orien-
tados apenas para atividades sexuais menos extenuantes, tais como carícias e
beijos, para em seguida progredirem para masturbação mútua e sexo oral, que
permitem que os sinais vitais se elevem de forma mais gradual, permitindo que
os doentes avaliem a sua adaptação para uma posterior progressão para um ato
sexual pleno
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.