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Romeu Sergio Meneghelo, Ana Abreu
Panorama do Risco Cardiovascular e da Reabilitação Cardíaca
em Portugal e no Brasil
Panorama do Risco Cardiovascular e da Reabilitação Cardíaca no Brasil
Risco Cardiovascular no Brasil
A mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil, representadas pela
doença arterial coronária (DAC) e acidente vascular cerebral (AVC), declinou
nas últimas décadas
1,2
, contudo os dados disponíveis mais recentes referem‑se
ao ano de 2012 e revelam que a DAC foi a primeira causa de morte e o AVC a
terceira
3
. A partir do início deste século, foram reconhecidos os principais fato-
res de risco hoje associados ao enfarte agudo do miocárdio (EM) e ao AVC no
Brasil. O estudo AFIRMAR (
Acute Myocardial Infarction Risk Factor Assessment in
Brazil
), publicado em 2003, foi o maior estudo caso‑controlo realizado no país e
analisou 3350 indivíduos em 104 hospitais de 51 cidades. O estudo analisou 1279
casos de EM com supradesnivelamento do segmento ST, emparelhados com os
respetivos controlos
4
. A análise multivariada reconheceu como principais fatores
de risco independentes: tabagismo acima de cinco cigarros ao dia, valor de gli-
cose � 126 mg/dl, história familiar de DAC, LDL de 100‑120 mg/dl, hipertensão
arterial, tabagismo até cinco cigarros/dia, LDL > 120 mg/dL, história de diabe-
tes
mellitus
e relação perímetro abdominal/coxa � 0,94. O estudo INTERHEART
América Latina, com desenho semelhante, incluiu 1237 casos e 1888 contro-
los na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Guatemala e México e reconheceu os
fatores de risco associados ao primeiro EM
5
. O Brasil contribuiu com 313 casos
e 364 controlos.
Stress
psicossocial persistente, hipertensão arterial sistémica,
diabetes, tabagismo, obesidade central e aumento da relação apolipoproteína
B/A>1 estiveram associados a aumento do risco de EM. Considerando os dados
apenas do Brasil, os resultados foram similares aos obtidos com todos os casos e
controlos incluídos. O Brasil e a América Latina contribuíram para realização do