Panorama do Risco Cardiovascular e da Reabilitação Cardíaca em Portugal e no Brasil
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A mais completa pesquisa até hoje realizada no país sobre estilo de vida da
população brasileira e doenças crónicas não transmissíveis foi elaborada pelo
Ministério da Saúde em associação com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Essa pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2012 e primeiro
semestre de 2013, em 1600 municípios, e incluiu análise sanguínea e de urina
10
.
Encontram‑se disponíveis todos os dados via internet e podem ser consultados
livremente
11
. Aspetos positivos foram encontrados em 71,9 % dos entrevista-
dos, que relataram consumir feijão cinco ou mais vezes por semana, em 37,3%
que referiram consumir frutas e hortaliças cinco vezes por dia e que em 54,6%
declararam ingerir peixe pelo menos uma vez por semana
12
. Por outro lado,
37,2% relataram consumo excessivo de gorduras, 23,4% refrigerantes, 60,6%
leite integral e 21,7% tinham consumo excessivo regular de doces
13
. De acordo
ainda com a Pesquisa Nacional em Saúde, 14,2% dos adultos relataram que o
seu consumo de sal era alto, com maior prevalência nos homens
14
. A prática
de atividade física durante o tempo livre foi observada entre 22,5% dos entre-
vistados, enquanto 46,% eram sedentários; a proporção de adultos que viam
televisão três ou mais horas por dia foi de 28,9%
15
.Seguramente as políticas
implementadas em relação ao tabaco tiveram efeito no país, uma vez que ape-
nas 15% da população fuma e metade (51%) já tinha tentado suspender o hábito
de fumar nos 12 meses que antecederam a pesquisa. Estes dados sugerem uma
redução de 20% dos fumadores, em relação à estimativa de 2008 que apontava
uma prevalência de 18% de fumadores
16
. A prevalência de consumo excessivo
de álcool foi de 13,7 %, na proporção de 3,3 homens para uma mulher
17
. Cerca
de 37% dos pesquisados relataram ter pelo menos uma doença crónica não
transmissível, permitindo estimar que cerca de 53 milhões de brasileiros delas
padecem. Do ponto de vista cardiovascular, a hipertensão arterial foi relatada
por 24,2% das mulheres e 18,3% dos homens. Contudo, o achado mais impor-
tante foi que, entre as pessoas que se declararam hipertensas, 81,4% estavam
a tomar medicamentos e um terço tinha acesso a medicamentos anti‑hiperten-
sivos
18
. Em relação à diabetes, 7% das mulheres e 5,4% dos homens referiram
ter a doença, o que permite estimar em nove milhões os brasileiros que têm a
doença
19
. Similarmente ao uso de medicamentos para hipertensão, 80% dos dia-