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Miguel Mendes
Importância da Reabilitação Cardíaca como instrumento
de prevenção secundária das doenças cardiovasculares
A Prevenção da Doença Cardiovascular
Apesar dos grandes avanços no conhecimento dos mecanismos fisiopatoló-
gicos da doença coronária e das diferentes intervenções farmacológicas, percutâ-
neas ou cirúrgicas, verificados nas últimas quatro décadas e de um declínio obser-
vado na mortalidade, a doença aterosclerótica continua a ser a principal causa de
óbitos no mundo ocidental, particularmente em indivíduos abaixo dos 70 anos
1
.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que a adoção de um estilo de
vida saudável pode prevenir mais de 75% desta mortalidade cardiovascular precoce
2
.
A doença aterosclerótica, fruto da interação entre fatores genéticos e
ambientais onde avultam o tabagismo, uma dieta não saudável, o sedentarismo
e o
stress
psicológico, inicia‑se durante a gravidez e progride insidiosamente ao
longo da vida, podendo condicionar episódios agudos como síndromes coroná-
rias agudas e acidentes vasculares cerebrais, responsáveis por mortalidade, mor-
bilidade e incapacidade
3
.
Ao longo das últimas décadas observou‑se um declínio da mortalidade rela-
cionada com a doença aterosclerótica, tendo‑se demonstrado que as interven-
ções preventivas foram responsáveis por mais de 50% da diminuição, os trata-
mentos por cerca de 40% e outras causas pelos restantes 10%
4
.
Estas medidas preventivas estão enquadradas habitualmente em duas estra-
tégias complementares e que devem permanecer ativas ao longo de toda a vida dos
indivíduos. A primeira, mais generalista, dirigida à população em geral, baseia‑se
na educação para uma alimentação e estilos de vida saudáveis, bem como em
iniciativas legais como a redução da percentagem de sal no pão ou a proibição de
fumar em determinados locais. A segunda, orientada para os indivíduos de risco
elevado, como os que apresentam vários fatores de risco em simultâneo, pelo
menos um fator de risco (FR) em grau muito elevado ou doença aterosclerótica
