Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 39

Importância da Reabilitação Cardíaca como instrumento de prevenção secundária
das doenças cardiovasculares
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A Reabilitação Cardíaca como uma intervenção global
A Organização Mundial de Saúde definiu Reabilitação Cardíaca (RC) em
1964 como «… o conjunto de atividades necessárias para fornecer ao doente
com cardiopatia uma condição física, mental e social tão elevada quanto possível,
que lhe permita retomar o seu lugar na vida da comunidade, pelos seus próprios
meios e de uma forma tão normal quanto possível»
7
.
Os programas de Reabilitação Cardíaca (PRC) foram lançados no contexto
do após II Grande Guerra Mundial para promover uma recuperação física e psí-
quica após enfarte agudo do miocárdio (síndrome coronária aguda ‑ SCA, na
nomenclatura atual), orientada para reintegração social rápida e plena, nomeada-
mente em termos de retoma da atividade profissional após enfarte do miocárdio
e mais tarde de cirurgia cardíaca (coronária, valvular ou transplante).
Para além dos doentes que sofreram SCA complicada ou após cirurgia car-
díaca, a obtenção de uma boa capacidade física tem uma importância significativa
nos trabalhadores cuja atividade exige esforço físico violento, como os agríco-
las ou da construção civil, assim como nos doentes idosos e nas mulheres que
revelam frequentemente limitações graves da condição aeróbia, força muscular,
flexibilidade e equilíbrio.
Os programas de RC desenvolvem‑se tipicamente em três fases
8, 9
. A fase
hospitalar, que se inicia com o internamento, em que o doente está particular-
mente disponível para mudar de comportamentos e facilmente tem a perceção
que necessita modificar os seus comportamentos e aderir a um esquema farma-
cológico complexo, o que não pode ser desperdiçado pela equipa médica. Esta
fase tem como objetivo fornecer ao doente os conhecimentos básicos para cuidar
de si próprio e uma condição física que lhe permita ter autonomia no domicílio.
A segunda fase, denominada por «fase de treino», decorre habitualmente com o
doente em regime ambulatório durante 6 a 12 semanas e pretende proporcionar
um ganho significativo da capacidade física e conhecimentos mais consistentes
para que ele seja capaz de elaborar o seu Plano Pessoal de Cuidados
10
.
Por fim, a fase de manutenção, em que o doente pode estar enquadrado num
Clube de Coronários (modelo alemão) ou realizar a sua atividade física individual-
mente ou integrado num equipamento da comunidade (ginásio, piscina, campo de
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