Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 38

Miguel Mendes
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manifesta em qualquer território (prevenção secundária), associa a adoção de um
estilo de vida saudável a terapêutica farmacológica
5
.
Prevenção Secundária da Doença Cardiovascular
O prognóstico de um doente após uma síndrome coronária aguda (SCA)
ou de uma intervenção de revascularização miocárdica, embora condicionado
pela função ventricular esquerda e pela eventual presença de isquemia residual,
continua a ser influenciado pelos fatores de risco (FR) clássicos da doença ateros-
clerótica, uma vez que a progressão da doença a médio‑longo prazo é mediada
pelos mesmos FR que a tornaram manifesta. No ensaio OASIS 5 demonstrou‑se
que os doentes após SCA que adotaram um estilo de vida saudável, associando
cessação tabágica, alteração de hábitos nutricionais e exercício físico, viram redu-
zida a sua probabilidade de re‑enfarte em 48%, de acidente vascular cerebral em
56% e morte em 55%
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, obtendo resultados menos amplos quando só uma destas
intervenções foi realizada.
O doente que sofreu uma SCA ou uma intervenção de revascularização
miocárdica, percutânea ou cirúrgica, fica submetido durante toda a vida a um
regime farmacológico baseado em pelo menos quatro tipos de fármacos: antia-
gregantes (dupla antiagregação habitualmente durante 12 meses, embora possa
ter duração mais curta no contexto de revascularização percutânea), inibidor da
enzima de conversão da angiotensina ou ARA, bloqueante beta e estatina) e é‑lhe
recomendado a adoção de um estilo de vida saudável, com incidência particular
na cessação tabágica, dieta saudável, hábitos regulares de exercício físico e dimi-
nuição do
stress
psicológico
5
.
A adesão a um regime farmacológico complexo e de longa duração, asso-
ciado à mudança de estilo de vida recomendada, que por vezes assume um carác-
ter radical relativamente ao padrão de comportamento anterior de muitos doen-
tes, coloca problemas significativos de adesão para doentes que não se sentem
limitados no seu quotidiano e a quem frequentemente não há tempo nem ocasião
no contexto da clínica do dia‑a‑dia para informar nem educar sobre os benefícios
e a obrigatoriedade do respeito de toda a prescrição médica, farmacológica ou
relacionada com o estilo de vida.
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