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Ana Abreu, Claudio Gil Soares de Araújo
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O programa de treino
físico, englobando os diferentes tipos de exercício,
deve ser individualizado, de acordo com a doença e características clínicas e labo-
ratoriais do doente, baseado na capacidade funcional e noutras respostas fisioló-
gicas evidenciadas na prova de esforço
4
.
A prescrição de exercício
4
é realizada, dependendo do contexto local e da
fase do programa, por médico cardiologista com diferenciação em exercício ou
por fisiologista de exercício ou fisiatra com diferenciação em reabilitação car-
díaca, baseada na prova de esforço, sendo a prova de esforço cardiorrespiratória
particularmente recomendada nalguns casos, como na presença de insuficiência
cardíaca. Existem programas diferentes, relativamente a modalidades, frequên-
cias, intensidades e durações.
Após a alta hospitalar, o programa de exercício na chamada fase 2 (ambu-
latória precoce) pode ser realizado em regime residencial (
in‑patient
) com dura-
ção de 2‑4 semanas ou em regime ambulatório (
out‑patient
). Em Portugal e no
Brasil, ao contrário de alguns países, como Alemanha e Suíça
,
os programas são
realizados em ambulatório, em hospitais ou em clínicas específicas, o que permite
maior duração, entre 8 e 12 semanas.
O cardiologista e seus colaboradores devem avaliar a terapêutica em curso,
ajustar e explicar o motivo e a forma da toma, acompanhando o doente e ten-
tando sempre manter a adesão.
As sessões de educação são muito importantes para a informação, esclareci-
mento e discussão dos temas de prevenção/reabilitação cardíaca, acompanhadas de
material de leitura e/ou de audiovisuais. Idealmente, devem ser efetuadas, não só indi-
vidualmente com o doente, mas também em grupo com familiares e outros doentes.
O componente de apoio psicológico permite rastrear a presença de even-
tual patologia e ajudar a recuperação psíquica do doente, através do controlo
da ansiedade,
stress
e depressão, orientando‑o para consulta especializada de
psiquiatria em casos específicos
5
. Idealmente, todos os doentes deveriam ser
avaliados por psicólogo. Opcionalmente, não existindo disponibilidade de meios,
poderá existir uma triagem por questionários, enfermeiros ou uma referenciação
pelo cardiologista para consulta específica de psicologia ou de psiquiatria, depen-
dendo dos sintomas. O papel do psiquiatra em alguns casos é muito importante,