Tales de Carvalho, Almir Schmitt Netto, Leonardo Vidal Andreato
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Essas adaptações favorecem as atividades de longa duração, contribuindo para um
maior fornecimento de sangue, oxigénio e nutrientes aos músculos.
Outra adaptação importante é o aumento no número e tamanho das mito-
côndrias, o que promove maior disponibilidade de ATP permitindo que as contra-
ções musculares sejam sustentadas por um tempo mais prolongado
11
. Ademais, o
treino aeróbio promove alterações na cadeia enzimática, otimizando o processo
de produção de energia muscular
12
.
Após algumas semanas de treino aeróbio, acontece uma mudança na utili-
zação dos substratos energéticos durante o exercício, ocorrendo aumento do
conteúdo de glicogénio muscular
10
, acompanhado de uma menor taxa de glicoge-
nólise. Concomitantemente, aumenta o conteúdo intramuscular de triglicéridos,
possibilitando maior utilização de lípidos durante exercício, com menor produção
de lactato
11
. Essas últimas adaptações contribuem para que maratonistas mesmo
com baixa quantidade de gordura subcutânea sejam capazes de percorrer longas
distâncias, visto que as reservas de glicogénio seriam insuficientes para tal feito.
O treino aeróbio costuma promover alterações centrais, com destaque
para a hipertrofia excêntrica de ventrículo esquerdo
13
. Sabe‑se que a hipertrofia
excêntrica ventricular esquerda induzida pelo exercício físico aeróbio decorre da
adição em série de sarcómeros que alongam a célula cardíaca, sendo um meca-
nismo fisiológico compensatório em resposta à sobrecarga hemodinâmica
14,15
.
Assim, o volume sistólico é aumentado pelo treino aeróbio, pois a hipertro-
fia excêntrica aumenta o volume interno, o volume diastólico final e a força de
contração
16
. O aumento da área transversal proporciona aumento do volume de
ejeção ventricular e do débito cardíaco, contribuindo para o incremento da capa-
cidade aeróbia
16, 14, 17, 15, 18
. Desse modo, com menor frequência cardíaca ocorre a
manutenção de um dado débito cardíaco, ou seja, um funcionamento cardiocircu-
latório mais económico desde o repouso, conforme se constata pela bradicardia
de repouso, e que persiste com o incremento do esforço
19
.
A pressão arterial também é afetada pelo treino aeróbio, que contribui para
a prevenção e controlo da hipertensão arterial
20
. Numa meta‑análise recente foi
descrito que o treino aeróbio proporcionou em todos os indivíduos reduções
significativas da pressão arterial sistólica (‑3,5 mmHg) e diastólica (‑2,5 mmHg),