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Tales de Carvalho, Almir Schmitt Netto,
Leonardo Vidal Andreato
Exercício aeróbio: contínuo moderado
ou intermitente de alta intensidade?
Introdução
O sedentarismo é um dos quatro maiores fatores de risco relacionados
com a mortalidade global, sendo responsabilizado por 6% das mortes ocorridas
mundialmente, ficando atrás apenas do tabagismo (13%) e da hipertensão arterial
(9%), e empatando com a hiperglicemia (6%)
1
. O incremento da atividade física,
principalmente por meio da prática regular de exercício físico aeróbio moderado
está comprovadamente associado ao decréscimo da morbilidade e mortalidade,
inclusive de causa cardiovascular, reduzindo o risco de evento coronário fatal
e não fatal em todos os grupos: em indivíduos aparentemente saudáveis sem
risco coronário elevado, em indivíduos com risco coronário elevado e também
doentes cardíacos
2
. Portanto, no contexto da reabilitação cardíaca, o exercício
contínuo de moderada intensidade (ECMI), consensualmente uma forma segura
e eficaz de treino físico, tem sido considerado como ideal para os doentes com
doenças cardiovasculares
2,3
.
Recentemente, tem sido sugerido que para os doentes com insuficiência
cardíaca (IC) e doença aterosclerótica coronária (DAC) o exercício intervalado
de alta intensidade (EIAI) poderia proporcionar maiores benefícios do que o
ECMI, estabelecendo‑se uma controvérsia
4,5
. Entretanto, ainda são poucos os
estudos disponíveis sobre o tema, geralmente com intervenção de curta duração
(16 semanas ou menos) e tendo apenas
outcomes
secundários, como a potência
aeróbia, função endotelial e qualidade de vida. Ou seja, não existem estudos que
tenham avaliado o impacto sobre
outcomes
primários, como enfarte do miocárdio
(EM) e mortalidade, além de outros aspetos relevantes como a adesão ao trata-
mento a médio e longo prazo.
No intuito de contribuir para que o clínico tenha uma melhor compreensão
do tema e possa adquirir uma visão mais ampla de como utilizar o exercício na