Tales de Carvalho, Almir Schmitt Netto, Leonardo Vidal Andreato
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promoção da saúde, este capítulo tem como principal objetivo estabelecer uma
comparação entre as duas modalidades de treino que recentemente têm gerado
polémica no contexto da reabilitação cardíaca, o ECMI e o EIAI. Secundariamente
existe a intenção de apresentar uma breve revisão de bioenergética, abordar o
exercício aeróbio de um modo geral e discorrer sobre os aspetos básicos para a
sua prescrição nas distintas intensidades.
Fontes de energia no exercício
Para que seja atendida a necessidade decorrente do exercício físico, o orga-
nismo humano utiliza basicamente três fontes de energia: anaeróbia alática (sis-
tema ATP‑Fosfocreatina), anaeróbia lática (glicolítico anaeróbio) e aeróbia (sis-
tema oxidativo). Estes sistemas não funcionam de maneira compartimentada,
existindo na realidade uma participação integrada, com variações de predomi-
nância conforme as distintas necessidades metabólicas, em função de atividades
que se diferenciam em termos de duração e intensidade.
As atividades de maior intensidade e duração muito curta, fazem-se princi-
palmente por meio do metabolismo anaeróbio alático, que utiliza o ATP e fosfo-
creatina (PCr) já disponíveis no interior da fibra muscular, algo que ocorre, por
exemplo, nas provas de atletismo de grande velocidade, como as corridas de 100
metros, que duram poucos segundos (recorde mundial abaixo de 10seg). As ativi-
dades de intensidade um pouco menor do que as da situação anterior, e que têm
duração um pouco mais longa, fazem-se predominantemente por meio do meta-
bolismo anaeróbio lático, no qual a ressíntese de ATP decorre da desintegração
parcial de glicose, deixando como resíduo o lactato, algo que ocorre por exemplo
nas provas de atletismo de 400 metros (recorde mundial abaixo de 44seg) e 800
metros (recorde mundial abaixo de 1min e 41seg)
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Mas, mesmo nas atividades aeróbias de intensidade moderada, logo na tran-
sição entre o repouso e o exercício, existe a necessidade de um ajuste oxidativo,
que reflete um momento de «déficit de O2» de tempo variável, período em que
a necessidade energética é suprida pelo O2 já disponível nas células (O2 ligado
à mioglobina), ou pelas fontes anaeróbias (ATP‑PCr e glicolítica). Assim, nesse