Exercício aeróbio: contínuo moderado ou intermitente de alta intensidade?
173173
sendo observadas maiores reduções em hipertensos [PAS ‑8,3 mmHg e PAD
‑5,2 mmHg) do que em pré‑hipertensos (PAS ‑2,1 mmHg e PAD ‑1,7 mmHg) e
normotensos (PAS: ‑0,75 mmHg e PAD: ‑1,1 mmHg)
21
.
Essa resposta pressórica tem relação com o facto do treino aeróbio modu-
lar o sistema nervoso autónomo, reduzindo o tónus simpático
22
, restaurando a
sensibilidade do reflexo pressorrecetor e cardiopulmonar
23
e aumentando a ati-
vidade aferente pressorrecetora à variação na pressão arteral
24
. Devido à modu-
lação autonómica favorável desencadeada pela prática do exercício, entre outros
benefícios, ocorrem reduções dos potenciais arritmogénico e aterotrombótico
25
.
Como decorrência do exercício aeróbio, pode ocorrer aumento da circu-
lação colateral em caso de obstruções críticas
26
. Acrescente‑se que em doentes
com obstruções coronárias ateroscleróticas o exercício aeróbio pode inclusive
promover estabilização ou regressão da aterosclerose coronária
27
. Esses, são dois
dos aspetos que explicam a elevação do limiar de isquemia miocárdica, ou mesmo
o seu desaparecimento, como decorrência do exercício físico
26,27
.
Vale ressaltar que todos os aspetos até aqui apresentados ocorreram em
estudos sobre o exercício de intensidade moderada, que além de eficaz se mos-
trou muito seguro, com a ocorrência de eventos
major
em programas de reabili-
tação cardíaca sendo considerada muito rara, ou mesmo excecional, tendo sido
constatado um evento a cada 120 mil horas de exercício/doente e uma morte a
cada 750 mil horas de exercício/doente
2
.
Treino aeróbio moderado
versus
intenso
A princípio, a segurança da intervenção foi apresentada como limitação para
o treino de alta intensidade. Entretanto, os dados disponíveis em doentes com IC,
com 30 mil horas/doente de treino, não mostraram efeitos adversos relevantes
28, 29
.
Foi demonstrado que doentes com doença coronária aterosclerótica que
realizaram EIAI ou ECMI durante 16 semanas apresentaram ganhos semelhantes
no pulso de oxigénio, em repouso ou em exercício, no consumo máximo de
oxigénio, no tempo de teste em passadeira (protocolo de Bruce), no tempo de
exaustão e na perceção de esforço, com resultados superiores para o EIAI no
incremento do tempo de exaustão e na elevação do limiar anaeróbio
30
.