Pablo Nascimento, Salvador Serra
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doentes cardíacos após enfarte do miocárdio ou revascularização miocárdica,
cirúrgica ou percutânea, como também doentes com insuficiência cardíaca.
Conclusão
A despeito do expressivo crescimento tecnológico há evidências de que a
procura desenfreada pela aquisição de equipamentos e a aplicação de procedi-
mentos ainda mais recentes e cada vez mais sofisticados devam ser acompanhadas
da utilização de meios terapêuticos cientificamente confirmados e que, efetiva-
mente, possibilitem prevenção das doenças cardíacas e melhoria na qualidade de
vida com redução da morbimortalidade.
A excelente RCE dos programas de reabilitação cardiovascular torna iló-
gico o número relativamente insignificante desses serviços em Portugal e no
Brasil. Mesmo nos Estados Unidos da América do Norte o índice de doentes
em reabilitação cardíaca é pequeno, alcançando menos de 60% dos casos de fase
I pós‑enfarte agudo do miocárdio, sendo idosos e mulheres encaminhados em
proporção ainda menor
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. Em estudo recente, De Gruyter e
et al
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avaliando o
impacto do incremento na participação dos doentes elegíveis em programas de
reabilitação cardíaca, chegaram a números impressionantes. Caso se aumentasse
a percentagem dos doentes cardíacos candidatos para 50%, partindo de um nível
basal estimado em 30%, correspondendo ao momento atual, o montante econo-
mizado para os serviços de saúde e para o sistema económico em geral, atingiria
138,9 milhões de dólares em 10 anos, com uma razão benefício‑custo de 5,6.
Considerando uma perspectiva mais otimista, ou seja, 65% de participação, ao
invés dos possíveis 30% atuais, 227,2 milhões de dólares seriam poupados nos
mesmos 10 anos, e a razão benefício‑custo aumentaria para 6,8. Em tempo
de crise global, como a que vivemos, tais números não são desprezíveis. Cabe
explicar, para fim de melhor entendimento, que a razão benefício‑custo é consi-
derada apropriada quando superior a um, o que equivale a dizer que o benefício
ultrapassa o custo. No Brasil, podemos estimar em menos de 5% a 10% a per-
centagem de doentes que teriam indicação de reabilitação cardíaca e que efeti-
vamente dela participam independentemente da fase em que o doente estaria
inserido.