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Pablo Nascimento, Salvador Serra
Avaliação dos benefícios da reabilitação cardíaca
– uma análise da relação custo‑efetividade
Os inúmeros e inquestionáveis benefícios clínicos, cardiovasculares e meta-
bólicos conquistados pelos indivíduos participantes de um programa de reabilita-
ção cardiovascular baseado em exercício físico
já foram extensa e detalhadamente
discutidos em outros capítulos do presente
livro. Assim, cabem neste momento
algumas pertinentes considerações em relação aos aspetos socioeconómicos
envolvidos com tão importante procedimento.
As doenças cardiovasculares são as mais importantes causas de morte e
incapacidade física, social, psicológica e laboral, merecendo, exatamente por esta
razão, a alocação de elevados recursos financeiros. Estes são, quase sempre,
incapazes de atender às necessidades globais de realização de exames comple-
mentares diagnósticos de alta complexidade, além de eventuais procedimentos
terapêuticos, sejam eles invasivos ou não. O caráter crónico‑degenerativo destas
doenças torna o cenário adicionalmente complexo.
A avaliação da relação custo‑efetividade (RCE) de um determinado proce-
dimento tem sido amplamente utilizada comparativamente a valores de outros
procedimentos e considerando o custo necessário para salvar uma vida em um
ano. A RCE é classificada como de excelência quando estes números, em dólares
norte‑americanos, são inferiores a $20.000. Valores entre $20.000 e $40.000 são
consistentes com as intervenções habituais e representam RCE neutra, enquanto
que acima de $40.000 deparamo‑nos com uma pobre RCE
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Doença arterial coronária
Estudos de acompanhamento de doentes em programas de reabilitação car-
diovascular, com ênfase na prática regular de exercícios físicos, demonstraram
modificações benéficas nos fatores de risco, bem como em outras condições
favorecedoras da aterotrombogénese. Alguns estudos concluem que tais progra-
mas reduzem a morbilidade e a mortalidade cardiovascular e, na sua quase tota-