Avaliação dos benefícios da reabilitação cardíaca
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A reabilitação cardiovascular deve ser vista como prioridade no atendi-
mento ao doente cardíaco e naqueles com potencialidade de desenvolver doen-
ças cardíacas, pois os efeitos favoráveis são inúmeros, incluindo uma mais ade-
quada modulação autonómica do coração
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. O avanço na cardiologia não deve ser
definido pela aquisição do último aparelho de ponta tecnológica, quase sempre
em evidência nos media médicos ou leigos e, também quase sempre, útil apenas
para um número muito limitado de doentes. Cabe perguntar: quantos serviços
de hemodinâmica e cirurgia cardíaca existem na nossa região e quantos são os
serviços de reabilitação cardíaca nela existentes? Certamente, os dois primeiros
excedem, largamente, os últimos. Esta condição paradoxal demonstra, por si só,
a escolha prioritária por tratamentos menos custo‑efetivos.
Constituirá enérgica contribuição ao avanço cardiológico em Portugal e no
Brasil, o empenho para que as doenças cardiovasculares sejam inibidas drastica-
mente em sua incidência e que, para tanto, utilizemos opções de tratamento efe-
tivas e universais, sempre visando qualidade de vida, redução real da morbilidade
e da mortalidade para a imensa maioria dos nossos doentes, tudo isso alcançado
com boa eficiência e custo reduzido.
Esta seria, verdadeiramente, a competente cardiologia de ponta, passível
de ser obtida com a multiplicação dos programas estruturados e multifacetados
de reabilitação cardiovascular, principalmente quando instituídos com ênfase na
aplicação regular de exercícios físicos e na educação dos doentes. Certamente a
literatura oferece, amplamente, evidência para estas nossas ponderações.
Acreditamos, portanto, restar apenas a nossa consciencialização e a efetiva
aplicação aos doentes. Aos gestores em saúde fica a tarefa de, pura e simples-
mente, crer naquilo que a comunidade científica lhes apresenta e, consequen-
temente, executar o que lhes cabe, promovendo sobrevida, qualidade de vida,
saúde e bem‑estar para a população, ao mesmo tempo que economizam recursos
indispensáveis à sociedade.