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Daniel Ferreira
Dispositivos e aplicativos móveis para apoio à reabilitação cardíaca
Os programas de reabilitação cardíaca têm por objetivo maximizar o bem-
‑estar físico, psicológico e social de doentes após um enfarte do miocárdio, cirur-
gia cardíaca ou com insuficiência cardíaca
1
.
Apesar de fortes evidências de que a reabilitação cardíaca reduz a morbili-
dade e prolonga a vida, menos de uma em cada cinco pessoas nos EUA recebem
serviços de reabilitação após enfarte do miocárdio ou cirurgia cardíaca
2
. A situa-
ção é seguramente muito pior em Portugal como é do conhecimento geral. Esta
situação é, por vezes, devida a problemas de acesso (políticas de saúde, geografia,
falta de recursos ou problemas de saúde dos doentes), mas muitas vezes devida
à falta de motivação uma vez que é difícil fazer mudanças de estilo de vida, sem
qualquer ajuda externa
3
. Outra questão é que muitos doentes não completam o
programa de reabilitação e interrompem‑no antes de terem sido alcançadas as
mudanças de estilo de vida desejadas.
Para as pessoas que têm problemas de acesso, por uma ou mais das razões
acima indicadas, os programas de reabilitação cardíaca domiciliária têm sido
amplamente apontados como uma alternativa viável aos programas de reabilitação
conduzidos no hospital como o demonstram outras meta‑análises da literatura
4,5
.
Um estudo realizado no Canadá e na Austrália mostrou que a monitorização
remota poderia ajudar os doentes que não beneficiam de serviços de reabilitação
domiciliária. O mesmo estudo também mostrou que o uso de monitorização
remota (suportada por telefone ou telemonitorização) de dados fisiológicos dos
doentes (tais como a pressão arterial, peso, ECG e saturação de oxigénio) e sua
transmissão para os seus cuidadores à distância, ajuda a reduzir internamentos
hospitalares por insuficiência cardíaca e reduz a taxa de mortalidade por quase
20% para os doentes com insuficiência cardíaca crónica
6
.
Para melhorar os resultados clínicos a longo prazo, os doentes precisam
fazer mudanças de estilo de vida e isso não é algo que possa ser alcançado em
poucas semanas. Os doentes precisam integrar os exercícios na sua vida quoti-