159159
Psicoterapia: terapias cognitivas e comportamentais
vação para a tomada de decisão
19
. A motivação é aqui definida como um pro-
cesso que medeia a probabilidade de ocorrer mudança e a adesão comportamen-
tal ao plano de tratamento. Ao entendermos a motivação como um processo,
fica implícito que esta sofrerá variações ao longo do tempo. Nesse sentido, ao
invés de considerarmos o quanto um doente está ou não motivado para mudar,
parece mais interessante avaliar em que estadio do processo de motivação para a
mudança este se encontra para, então, planear a intervenção a ser realizada con-
forme, contribuindo para que o doente avance de maneira segura e confortável,
rumo à tomada de decisão e à mudança de comportamento
20
.
Esse processo é marcado pela ambivalência que, como o próprio nome
sugere, se refere à possibilidade de existirem valências emocionais positivas e
negativas ocorrendo concomitantemente em relação a um mesmo objetivo.
Assim, a cada momento teremos novos elementos que contribuirão para a
tomada de decisão e estes precisam ser identificados para que o terapeuta atue
de maneira mais eficaz, abordando os elementos que, naquele momento, estão
associados a valências emocionais mais intensas
21
. As técnicas da EMot que visam
inclinar a balança decisional no sentido da mudança, auxiliando o doente a avan-
çar pelos estadios do processo de tomada de decisão de maneira mais segura
e aumentando a probabilidade de modificação de hábitos e sua manutenção no
longo prazo
22
. Temos, assim, quatro aspetos que serão considerados pelo sujeito
para a decisão de modificar cada aspeto do seu estilo de vida: vantagens e des-
vantagens de mudar e vantagens e desvantagens de não mudar. Tais pontos serão
avaliados na denominada Balança de Decisão
23
.
A atitude empática por parte do terapeuta adquire, no contexto da EMot,
um papel essencial na relação terapêutica com o doente ambivalente. A empatia
permite que a dupla identifique que elementos estão a contribuir para a decisão,
no estadio atual de motivação. A tomada de perspectiva empática pelo tera-
peuta permite que este genuinamente compreenda as dificuldades enfrentadas
pelo doente, e que possa, a partir de seus conhecimentos, auxiliá‑lo a lidar com
aqueles aspetos específicos, da melhor maneira possível. A confrontação passa,
dessa maneira, a ser substituída pela colaboração entre doente e terapeuta. Uma
vez que a mudança duradoura pressupõe um papel ativo do doente no processo