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Helena Santa‑Clara, Pedro Pezarat‑Correia
Treino de força muscular no doente cardíaco
No âmbito da reabilitação cardíaca (RC), as recomendações recentes para
os principais quadros clínicos cardíacos apontam para um programa de exercício
combinado entre a aptidão aeróbia, força muscular e equilíbrio. A posição oficial
das associações Europeia e Americana que se ocupam da RC é de que o treino
da força muscular deve ser considerado um complemento e nunca um substituto
ao treino aeróbio
1‑5
. A combinação do treino de exercício aeróbio com exercício
de força muscular é apontada atualmente como a melhor estratégia para rever-
ter ou atenuar a perda de massa muscular e melhorar a capacidade funcional,
força muscular e qualidade de vida em indivíduos com insuficiência cardíaca cró-
nica
6
sem provocar efeitos adversos. Na meta‑análise realizada por Smart
et al
.
7
os resultados corroboram a utilidade de um protocolo combinado de exercício
aeróbio intervalado e de força muscular, dado terem sido obtidos valores de
consumo máximo de oxigénio superiores pela aplicação deste protocolo, compa-
rativamente a protocolos de exercício intervalado isoladamente com dispêndio
energético semelhante.
Benefícios do treino de força muscular
A partir de resultados de estudos sobre efeitos do exercício físico em indi-
víduos com doença cardíaca, acredita‑se que os benefícios decorrentes do exer-
cício físico na capacidade funcional, resultem fundamentalmente de adaptações
da componente periférica. São apontadas como principais adaptações a melhoria
da capacidade de oxidação e o aumento da densidade capilar da massa muscu-
lar e possivelmente uma diminuição da resistência vascular periférica com um
aumento do fluxo sanguíneo aos músculos ativos
8, 9
. Se os mecanismos periféricos
desempenham um papel importante no que diz respeito à limitação da tolerância
do indivíduo ao exercício físico, o treino deve incluir exercícios físicos que con-
tribuam para a melhoria da função da musculatura esquelética, de modo a que