Interação entre terapêuticas farmacológica e não farmacológica
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individualizados não só para a doença de base, mas também para as condições
próprias de cada doente, estabelecendo‑se etapas e metas que devem ser cum-
pridas por todos os profissionais de saúde, com o intuito de aumentar a adesão
do doente às mudanças do estilo de vida, que devem ter caráter permanente
7
.
Apesar de todas as evidências científicas, as Doenças Crónicas Não Trans-
missíveis (DCNT), representadas na sua maioria pelas DCV, são responsáveis
por cerca de 36 milhões mortes ao ano, com mortalidade proporcional esti-
mada de 63%, e custo global de 6,3 trilhões de dólares norte americanos em
2010. As DNCT partilham de fatores de risco comuns: tabagismo, hipertensão
arterial, hiperglicemia, dislipidemia, obesidade, inatividade física e dieta inade-
quada. A intervenção com medidas não farmacológicas e farmacológicas, através
da mudança do estilo de vida, poderia ser alcançada através do emprego de um
novo modelo não hierárquico de conetividade, com envolvimento de todos os
segmentos da população
8
.
A
American Heart Association,
a
European Society of Cardiology,
a
European Asso‑
ciation for Cardiovascular Prevention and Rehabilitation
e o
American College of Preven‑
tive Medicine
elaboraram um documento comum onde apontam ações integradas
para enfrentar o desafio da mudança do estilo de vida em escala global. Destacam
o importante papel das sociedades profissionais, como as sociedades de cardio-
logia do Brasil e de Portugal, como líderes para a disseminação do conhecimento
de modelos padronizados de intervenção, através das
guidelines
e dos congressos
e encontros de especialistas, bem como da transposição dessas medidas para as
atividades diárias do público leigo
8
.
Estudos de base populacional serviram de base para as recomendações agre-
gadas no documento anteriormente mencionado. Como exemplo podemos citar
um estudo com 30 mil mulheres da Suécia que mostrou 62% de redução de
acidentes vasculares cerebrais (AVC)
9
, e outro estudo com 20 mil homens, do
mesmo pais, que demonstrou redução de 79% de ocorrência de enfarte agudo do
miocárdio (EM), quando um estilo ideal de vida foi alcançado
10
.
Lewinteret al
11
compararam cerca de 4250 doentes referenciados para RC
após hospitalização por EM, em dois períodos distintos, 1995 e 2003. Observaram
que a RC, contemplada de forma integral, esteve associada com a redução de
mortalidade no segundo período (22% em um seguimento máximo de 90 meses)