Gláucia Maria Moraes de Oliveira
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mente com a utilização de equipas multidisciplinares e da terapêutica medicamen-
tosa e não medicamentosa atualmente sugerida pelos
guidelines
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.
Em recente publicação, Vries et al
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descreveram os efeitos da RC na sobre-
vida de uma grande amostra de 11 047 doentes, equivalentes a 30,7% de todos
os doentes após o advento de síndrome coronária aguda ou revascularização
do miocárdio ou cirurgia para substituição valvular, de janeiro de 2007 a junho
de 2010. Os autores relataram que os doentes que receberam uma abordagem
multidisciplinar na Holanda apresentaram significativa redução da mortalidade
em seguimento de quatro anos, independentemente da idade, diagnóstico, tipo
de intervenção ou duração do seguimento nos homens. Nas mulheres esse bene-
fício pode ser demonstrado em seguimento de dois anos. O programa tinha
duração de 6‑12 semanas e consistia de uma ou mais das seguintes terapêuticas:
educação (75% dos doentes), exercício físico (85%), terapêutica de relaxamento
(39%), modificação do estilo de vida (17%), e suporte individual para terapêuticas
psicológicas, nutricionais e de serviço social, quando indicado
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. Todo o arsenal
terapêutico medicamentoso atual foi empregado, destacando‑se as estatinas, os
betabloqueadores, os inibidores da enzima de conversão da angiotensina, os antia-
gregantes (clopidogrel e aspirina), embora com modificação de doses ao logo do
período de observação. Os autores concluíram que a reabilitação cardíaca após
síndrome coronária aguda, numa grande coorte comunitária, apresentou subs-
tancial benefício num período longo de quatro anos de seguimento. Esse benefí-
cio foi independente da idade, do tipo de diagnóstico e da intervenção realizada.
Observaram, no entanto, menor benefício quanto à sobrevida das mulheres, e
levantaram a hipótese de que esse facto se deveu ao abandono do programa em
2/3 dos casos no sexo feminino
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.
Outro grupo de autores
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, para investigar se a adesão aos programas de rea-
bilitação poderia ser preditor independente de mortalidade por todas as causas,
estudou 544 indivíduos, de ambos os sexos, após quatro meses de alta hospitalar
por enfarte agudo do miocárdio ou intervenção coronária percutânea ou cirúr-
gica, com seguimentos longos, de até 14 anos, na Austrália. Os autores observa-
ram mortalidade 58% maior nos que não participaram dos programas de RC, e
relação entre o número de sessões realizadas pelo doentes e a redução de mor-
talidade por todas as causas. Os participantes que compareceram a pelo menos