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Retorno à atividade profissional, condução de automóvel
e viagem em altitude no doente cardiovascular
de grande esforço físico e que tal é considerado um fator de risco para recorrên-
cia do evento
3
. O aconselhamento médico foi descrito como fortemente asso-
ciado ao retorno ao trabalho, parecendo sobrepor‑se a variáveis físicas, sociode-
mográficas e psicológicas
3‑4
.
O retomar a atividade profissional permanece um marcador importante do
sucesso dos serviços médicos e de reabilitação ao capacitar os indivíduos para
manter a sua independência económica
5
. O retorno precoce ao trabalho é parti-
cularmente importante em doentes que são trabalhadores por conta‑própria ou
que têm trabalhos a termo certo, nos quais as implicações socioeconómicas são
significativas
6
.
Na década de 80, o tempo médio de regresso ao trabalho após EM era supe-
rior a dois meses. Posteriormente, vários estudos foram publicados nos quais se
procurou avaliar a segurança e exequibilidade do regresso precoce ao trabalho.
Foi demonstrado que a combinação de uma prova de esforço limitada pelos sin-
tomas com um estudo eletrofisiológico antes da alta é muito eficaz na predição
de eventos cardíacos subsequentes
6
. Em doentes de baixo risco (idade inferior a
75 anos, FE superior a 40% e uma prova de esforço, realizada uma semana após
o evento, negativa para isquemia) é seguro retomar a atividade habitual, incluindo
profissional, duas semanas após o EM
3,6
.
A estratificação de risco após EM poderá ser útil na identificação dos doen-
tes com baixo risco de eventos cardíacos futuros, aos quais a opção de retorno
precoce ao trabalho pode ser indicada
6‑7
. Esta avaliação baseia‑se na anamnese,
exame físico e em alguns exames complementares de diagnóstico, como a prova
de esforço, o ecocardiograma, o estudo eletrofisiológico, os testes de isquemia
(ecocardiograma de sobrecarga farmacológica, ressonância magnética cardíaca ou
cintigrafia de perfusão miocárdica) ou a coronariografia, no sentido de qualificar
os doentes como sendo de:
‑ baixo risco: ausência de complicações clínicas; ausência de isquemia resi-
dual; capacidade funcional > 7MET’s; FE >50%; ausência de arritmias ven-
triculares graves;
‑ risco moderado: angor de esforço ou isquemia com cargas > 5MET’s; FE
35‑49%; defeitos reversíveis na cintigrafia de perfusão miocárdica;