Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 354

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Madalena Teixeira, Ana Isabel Azevedo
recuperação e reintegração social do doente, quer para as consequências econó-
micas, individuais e para a sociedade, que acarretam
2‑4
.
Apesar do progresso técnico no tratamento do enfarte agudo do miocárdio
(EM), nomeadamente, com o recurso generalizado à intervenção coronária percu-
tânea (ICP), a taxa de regresso ao trabalho tem permanecido inalterada ao longo
das últimas duas décadas
2‑3
. De facto, taxas de 72‑92% já eram reportadas há 20
anos, antes da era da reperfusão através de ICP
2‑3
. Estes dados apontam para que
fatores técnicos tenham menos impacto no retorno ao trabalho que variáveis
sociopsicológicas e ocupacionais, que são independentes do progresso técnico
3
.
O retomar da atividade profissional parece depender de vários fatores,
entre os quais variáveis clínicas como a capacidade funcional do doente, a função
cardíaca residual e variáveis psicológicas, mas também fatores não‑clínicos tais
como a idade, a satisfação laboral, o
status
social e económico e a perceção pes-
soal da doença
2
.
Entre os fatores clínicos, a fração de ejeção ventricular esquerda (FE) é um
importante preditor de retorno ao trabalho, estando descritas taxas de retorno
> 95% em doentes com FE >50%
2
.
Os fatores psicológicos estão entre os fatores mais determinantes do
retorno ao trabalho
2‑3
. Cerca de 40‑50% dos casos de ausência laboral não são
explicados por inaptidão física do doente
1‑2
. As alterações psicológicas após
EM são complexas e incluem o medo de recorrência do EM e da morte, sendo
elevada a prevalência de depressão e distúrbios de ansiedade após EM
2
. Episó-
dios depressivos
major
e distúrbios de ansiedade nos primeiros meses após EM
demonstraram ser fatores de risco, potencialmente tratáveis, de não retorno ao
trabalho
1‑2
. Por outro lado, doentes vítimas de EM na ausência de fatores de risco
cardiovascular podem estabelecer uma relação causa‑efeito entre o evento e o
trabalho, que consideram o único fator de risco e associam ao
stress
emocional e
ao esforço físico
3
.
A taxa de não retorno ao trabalho foi descrita como sendo superior em
indivíduos solteiros do que em casados, o que poderá refletir o impacto das res-
ponsabilidades familiares na motivação para o doente regressar ao trabalho. Da
mesma forma, indivíduos que executam trabalhos manuais de elevada intensidade
parecem ter uma taxa menor de regresso ao trabalho, visto que os mesmos são
1...,344,345,346,347,348,349,350,351,352,353 355,356,357,358,359,360,361,362,363,364,...404
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