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Ana Teresa Timóteo
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liminar, com respostas muito simples (sim/não) e que pode ser utilizado pelo
médico na entrevista inicial
1
. A identificação de, pelo menos, um dos fatores
psicossociais referidos aumenta o risco estimado através das tabelas de risco
SCORE
1
. Contudo, uma vez que na prática clínica este rastreio não tem frequen-
temente consequências práticas de abordagem e na implementação de medi-
das de controlo, não há ainda validação e demonstração adequada do eventual
benefício associado à sua prática mais generalizada. De qualquer modo, está
recomendada uma abordagem com intervenção comportamental e, sempre que
necessário, em particular quando existam sintomas clinicamente significativos de
depressão, ansiedade ou hostilidade, o recurso a psicoterapia e/ou a terapêutica
farmacológica, orientado por especialistas apesar do benefício em termos de
objectivos CV não ser ainda claro
70-72
.
Considerações finais
A abordagem multifatorial e multiprofissional recomendada para o con-
trolo dos fatores de risco CV é fundamental para o sucesso destas intervenções.
Contudo estas estão fortemente dependentes da adesão do doente. É, por isso,
imprescindível a utilização de diversas medidas que a permitam melhorar, em
particular a longo prazo. Relativamente aos fármacos é importante a simplifi-
cação dos esquemas terapêuticos, o ajuste do regime posológico ao estilo de
vida e às necessidades individuais e a utilização de alternativas económicas (pelo
menos nos grupos mais desfavorecidos). A utilização de instruções orais e por
escrito é importante na correta utilização dos fármacos. A conversa regular
com o doente sobre a adesão é também útil. No que diz respeito à modificação
de estilos de vida torna-se importante o envolvimento do doente e da família
bem como a utilização de estratégias comportamentais que visem reforçar a sua
importância.