Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 90

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Ana Teresa Timóteo
consumo e a utilização calórica, pelo que o exercício físico e as medidas dietéti-
cas são fundamentais. Reduções das gorduras totais na alimentação (no máximo
35% das calorias totais - menos de 10% saturadas, 10 a 20% monoinsaturadas e
10% poli-insaturadas) e redução dos hidratos de carbono (máximo 45-60% da
energia total) são fundamentais, representando as proteínas 10-20%
1
. Outras
medidas dietéticas devem também ser implementadas, nomeadamente redução
de consumo de sal (< 5g/dia) e álcool (< 20-30 g/dia nos homens e < 10-20 g/
dia nas mulheres), aumento de consumo de fibras (> 40g/dia), frutas, legumes e
peixe, uma vez que são medidas fundamentais no controlo dos restantes fatores
de risco
1
. Relativamente à atividade física, essa deve ser iniciada progressiva-
mente, até um ideal de 30 minutos por dia, de preferência com atividades da
escolha do indivíduo, sendo que o seu papel é mais significativo na manutenção
do que na redução do peso
24
. Deve haver também um programa de terapêutica
comportamental que procure garantir o sucesso destas intervenções a longo
prazo
1
.
A terapêutica farmacológica está habitualmente reservada para situações
mais graves, com reduzida resposta às medidas de modificações de estilos de
vida, nomeadamente com IMC 30 kg/m
2
na ausência de outros fatores de risco
ou
27 kg/m
2
, se associado a fatores de risco
1
. Tratando-se de prevenção secun-
dária, e estando estes indivíduos em muito alto risco de eventos, devemos consi-
derar
27 kg/m
2
. Diversos fármacos têm sido propostos nos últimos anos, como
o rimonabant (antagonista seletivo dos recetores canabinóide-1) e a sibutramina
(inibidor da recaptação da noradrenalina, serotonina e dopamina)
24,25
. Contudo, a
associação a efeitos adversos muito significativos como a depressão e suicídio no
caso do rimonabant, motivou a sua retirada do mercado. Também a sibutramina,
contraindicada em doentes com patologia CV pré-existente, por maior risco de
enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral, não é uma opção em preven-
ção secundária
26
. Assim, o único fármaco a considerar será o orlistato, que, como
inibidor específico, de ação prolongada, das lípases gástricas e pancreáticas inter-
fere com a absorção intestinal de gorduras, associando-se, contudo, a algumas
perturbações intestinais como síndromas de má absorção e redução de absorção
de vitaminas lipossolúveis
27
. Foram também descritos alguns casos de aumento
1...,80,81,82,83,84,85,86,87,88,89 91,92,93,94,95,96,97,98,99,100,...404
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