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Fatores de risco modificáveis: tabagismo, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica,
dislipidémia, hipertensão arterial, diabetes e fatores psicossociais
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As sulfonilureias são fármacos que atuam diretamente nos recetores
SUR-1 das células beta pancreáticas e aumentam a secreção de insulina, inde-
pendentemente do valor da glicemia. Por isso, têm um risco reconhecido de
hipoglicemia, limitador da titulação iterada das doses e da sua utilização em
idosos, em diabéticos que vivam sós, nos motoristas e em todos aqueles em
que a hipoglicemia pode ser grave e potencialmente letal. O aumento de peso,
cerca de 1-4 kg, aparentemente como resultado do aumento da insulina e da
redução das perdas de glicemia pela urina, é também um efeito desfavorável.
Foi também aventado que o bloqueio do canal de potássio dependente do ATP
(KATP) pelas sulfonilureias pode afetar negativamente os benefícios do pré-
condicionamento isquémico cardíaco, potencialmente deletério nos doentes
com cardiopatia isquémica.
Das TZD, apenas a pioglitazona está disponível. Atua por ativação do PPAR-g
(
peroxisome proliferator activated receptor gama
), aumentando a sensibilidade peri-
férica à insulina (por exemplo no músculo, fígado e tecido adiposo), influenciando
a diferenciação do adipócito (e aumentando a produção de adiponectina) e modu-
lando o metabolismo lipídico
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. Sem risco de hipoglicemia, no entanto, o efeito
adipogénico das glitazonas está associado ao ganho ponderal (em especial no
tecido subcutâneo), aumentado pela retenção de fluídos resultante da maior
reabsorção renal do sódio (com risco acrescido de insuficiência cardíaca).
Existem também os fármacos que aumentam o «efeito das incretinas», redu-
zido na diabetes
mellitus
de tipo 2, potenciando a secreção de insulina estimulada
pela glicose e influenciando outros mecanismos que contribuem para o controlo
glicémico. Dessa forma, os inibidores da DPP-4 reduzem a HbA1c, contrariam a
subida pós-prandial da glicemia, com menor risco de hipoglicemia entre as refei-
ções e com um efeito neutro (ou discretamente favorável) no peso. Por outro
lado, os agonistas da GLP-1 (com administração subcutânea) – porque condicio-
nam níveis supra-fisiológicos das incretinas – têm um maior efeito redutor da
HbA1c e da hiperglicemia pós-prandial, também um risco pouco significativo de
hipoglicemia e maior redução do peso. No entanto, porque afetam o esvazia-
mento gástrico (favorecendo a saciedade), estes fármacos não estão recomenda-
dos em doentes com gastroparesia e outras perturbações gastrointestinais.