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Fatores de risco modificáveis: tabagismo, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica,
dislipidémia, hipertensão arterial, diabetes e fatores psicossociais
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Diabetes
mellitus
Acompanhando o aumento da obesidade e da resistência à insulina, a pre-
valência de diabetes tem sido crescente em todo o mundo
42
. Segundo a
Inter‑
national Diabetes Federation
, em 2013 existiam cerca de 382 milhões de diabé-
ticos, estimando-se que, em 2035, seriam mais de 592 milhões, traduzindo um
aumento superior a 55%
42
. Na Europa, o aumento estimado é de 22%, mas é
mais acentuado no Médio Oriente e Norte de África (96%) e também no res-
tante continente africano (109%). Em Portugal, em 2013, a prevalência de dia-
betes foi de 130%, com um forte aumento com a idade (mais de um quarto dos
portugueses entre os 60-79 anos tem diabetes)
43
. Assim, dado o impacto muito
significativo que a diabetes tem sobre a doença CV e também sobre outras
formas de doença microvascular, a diabetes é um importante fator de risco a
controlar.
Atualmente, de acordo com a
American Diabetes Association
(ADA), o diag-
nóstico de diabetes é feito na presença de uma glicémia em jejum 126 mg/dl
( 7,0 mmol/l) em duas determinações, de glicémia 200 mg/dl ( 11,1 mmol/l) às
2 horas numa prova de tolerância oral após administração de 75 g de glicose, ou
de hemoglobina glicada (HbA1c) 6,5%
44
. Outras anomalias do metabolismo gli-
cídico, como a anomalia da glicose em jejum ( 100 mg/dl), revestem-se também
de um risco CV aumentado, pelo que devem ser indagadas.
O tratamento da diabetes é atualmente muito centrado no indivíduo e o
esquema terapêutico, bem como os alvos de tratamento, dependem de uma série
de características individuais
31,45,46
. Fatores como a idade, a duração da doença, a
presença de comorbilidades (incluindo a afetação de órgãos alvo), o risco de hipo-
glicemia e outros fatores psico-económicos são fundamentais na decisão final e na
definição dos objetivos terapêuticos. De uma maneira geral, o controlo será mais
rigoroso nos indivíduos jovens, com menor duração de evolução de doença e nos
obesos (com menor risco de hipoglicemia ). A presença de complicações macro
ou microvasculares motivam um tratamento menos intensivo. Em prevenção
secundária CV, a HbA1c recomendada é, geralmente, <7,0%
31
. A sua prossecução
torna fundamental a modificação dos estilos de vida, a atividade física regular e
os cuidados dietéticos adequados. O consumo energético deve ser ajustado para