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Ana Teresa Timóteo
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Finalmente, mais recentes, os inibidores da SGLT-2 inibem, de forma com-
petitiva (e independente da insulina), a reabsorção da glicose no túbulo proxi-
mal renal e, subsequentemente, aumentam a sua eliminação pela urina (diurese
osmótica). Estes fármacos têm também um baixo risco de hipoglicemia e podem
condicionar a redução do peso e da PA (de predomínio sistólico), com risco de
infeções genitais micóticas (e também urinárias).
A insulina na diabetes
mellitus
de tipo 2 tem visto a sua utilização adiada
pela relutância da administração subcutânea, nos receios da perturbação da vida
diária, no risco de hipoglicemia (menor com os análogos de ação prolongada) e
no aumento do peso corporal. A insulina fica reservada para diabéticos recém-
-diagnosticados marcadamente sintomáticos e/ou com glicemias ou HbA1c muito
elevadas ou quando os fármacos antidiabéticos comuns foram ineficazes, só por
si, no controlo metabólico pretendido. De notar que esta forma de terapêutica
não deve ser licenciada para fases demasiado tardias que possam condicionar um
maior risco de complicações nos órgãos alvo.
Relativamente à segurança CV, a metformina parece ser um fármaco muito
seguro e, apesar das limitações da evidência científica, com efeitos benéficos
plausíveis
31,46,47
. As sulfonilureias, pelo contrário, como referido, podem inter-
ferir com os fenómenos de pré-condicionamento isquémico. Uma meta-análise
recente não mostrou aumento de eventos coronários agudos, mas sim aumento
de mortalidade total e de acidente vascular cerebral, o que motiva pelo menos
alguma cautela na sua utilização
48
. As TZD não devem ser utilizadas em indivíduos
com insuficiência cardíaca, uma vez que estão associadas a maior retenção hidros-
salina, com consequente desenvolvimento de quadros congestivos, com aumento
tanto dos casos incidentes como dos prevalentes de insuficiência cardíaca
49
. Este
efeito adverso era particularmente patente com a rosiglitazona (entretanto reti-
rada do mercado), mas com a pioglitazona não é tão significativo
50
. Recomenda-
se, contudo, alguma cautela na sua utilização. Os inibidores DPP-4 e os agonistas
da GLP-1 parecem ser seguros em indivíduos com doença cardíaca, com efeito
globalmente neutro no risco CV (ainda que a saxagliptina e, com menor signifi-
cado, a alogliptina tenham sido associadas a um risco incremental de insuficiência
cardíaca comparável ao das TZD)
47,51-53
. Mais recentemente, a empagliflozina (ini-