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Vanda Craveiro, Gabriela Albuquerque,
Andreia Oliveira
Reabilitação Cardíaca – Alimentação saudável
e suplementação nutricional
A alimentação saudável é reconhecidamente um dos componentes base para
a prevenção primária da doença cardiovascular, assim como da recorrência de
eventos cardiovasculares. Está por isso bem patente nos programas de Reabilita-
ção Cardíaca estabelecidos mundialmente. As recomendações sobre alimentação
e nutrição em programas de prevenção secundária de eventos cardiovasculares
não são específicas para cada país. A discussão das recomendações internacionais
e a sua adaptação à realidade Portuguesa/Brasileira permitirá uma atuação mais
consciente e eficaz a nível clínico e, potencialmente, comunitário ao nível do
desenvolvimento de programas/políticas de Saúde Pública.
A nível internacional, as principais sociedades científicas têm vindo a emitir
recomendações alimentares e nutricionais para a prevenção primária e secundá-
ria de eventos cardiovasculares que, na sua maioria, se enquadram num conjunto
de estratégias que têm por base a promoção de uma alimentação saudável. Neste
âmbito destacam‑se a promoção do consumo de peixe, especialmente de peixe
gordo pelo seu elevado teor em ácidos gordos da série n‑3; a promoção do
consumo de fruta e produtos hortícolas, como fontes privilegiadas de vitaminas,
minerais, fibra e água; o limite do consumo de sal e de alimentos com elevado
teor de sódio; a moderação do consumo de bebidas alcoólicas; e o consumo de
alimentos funcionais contendo essencialmente esteróis e estanóis vegetais em
indivíduos hipercolesterolémicos. O recurso a suplementação nutricional está
apenas indicado em casos específicos e restrito à suplementação de ácidos gor-
dos essenciais da série n‑3 EPA e DHA. A Dieta DASH e a Dieta Mediterrânica
são dietas com evidência de proteção cardiovascular, que incorporam nos seus
princípios diversos aspetos das recomendações.
O papel do profissional de saúde na implementação destas recomendações é
determinante e deverá consistir numa avaliação inicial no sentido de definir áreas
de intervenção prioritárias e metas a alcançar a curto e longo‑prazos.