8989
Fatores de risco modificáveis: tabagismo, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica,
dislipidémia, hipertensão arterial, diabetes e fatores psicossociais
89
das transaminases hepáticas e da fosfatase alcalina (com hepatite, em alguns casos
graves) e, em doentes anticoagulados, diminuição da protrombina e, aumento
do INR. Alguns outros fármacos de uso corrente parecem influenciar os níveis
de adipocitoquinas e poderão vir a ter algum papel no futuro. Algumas estatinas,
fenofibrato, inibidores da enzima de conversão da angiotensina, bloqueadores dos
recetores da angiotensina, bloqueadores adrenérgicos beta e alguns antidiabéti-
cos orais aumentam os níveis da adiponectina
28
. No entanto, o significado deste
efeito «pliotrópico» carece de uma análise mais alargada.
Finalmente, a cirurgia bariátrica (hoje preferivelmente designada como
«cirurgia metabólica») tem um papel muito restrito, em situações com IMC 40
kg/m
2
ou 35 kg/m
2
na presença de risco aumentado ou de, pelo menos, uma
importante comorbilidade
1
. Em geral, a cirurgia metabólica motiva a redução da
capacidade gástrica (cirurgia restritiva gástrica, a mais comum) e/ou o redireccio-
namento do fluxo de nutrientes e algum grau de má absorção (cirurgia de
bypass
).
Com algumas contraindicações muito criteriosas (
e.g.
cardiopatias graves com
risco anestésico proibitivo), a cirurgia bariátrica não está indicada no controlo
de um possível fator de risco (
e.g.
controlo glicémico ou lipídico) ou na redução
exclusiva do risco CV, independentemente do IMC.
Dislipidemia
Após a ocorrência de eventos CV, e com aumento significativo do risco
futuro de eventos recorrentes, torna-se imperioso o controlo rigoroso do perfil
lipídico. Para este objetivo, as estatinas são os fármacos com mais evidências,
não apenas pelo seu efeito demonstrado sobre os níveis de lípidos, mas também,
potencialmente, pelos seus diversos efeitos pleiotrópicos que permitem melhorar
o estado inflamatório, pró-trombótico e controlar (ou mesmo permitir alguma
regressão) da placa aterosclerótica
1,9-14,29-31
. A estabilização da placa ateroscleró-
tica é fundamental nestes indivíduos. Esta evidência é de tal modo forte, que as
estatinas em doses altas estão recomendadas após a síndrome coronária aguda
independentemente dos valores basais de LDL-colesterol (LDL-C)
9,11-13
. A esco-
lha da estatina deve ter em conta a eficácia relativa de cada estatina na redução
do LDL-C, bem como a redução pretendida, devendo ser sempre considerada