Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 96

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Ana Teresa Timóteo
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evitar excesso de peso e obesidade. Igualmente o ensino do doente e da família
são fundamentais para permitir uma melhor adesão e para que possam eles pró-
prios ter um papel ativo no tratamento.
O tratamento farmacológico deve ser iniciado precocemente, com recurso
aos vários grupos farmacológicos de antidiabéticos disponíveis (e, alguns casos, à
insulinoterapia). Os antidiabéticos hoje, de forma muito genérica, incluem os fár-
macos que aumentam a disponibilidade de insulina (insulina, sulfonilureias e megli-
tinidas [nateglinida], inibidores da dipeptidil peptidase [gliptinas ou inibidores da
DPP-4] e agonistas dos recetores do peptídeo-1 similar ao glucagon [agonistas
do GLP-1]), fármacos sensibilizadores da insulina (metformina e tiazolidinedionas
[TZD ou glitazonas]), fármacos que inibem a absorção de glicose (inibidores da
glucosidase alfa intestinal [acarbose] e os inibidores do co-transportador de sódio
e glucose 2 [SGLT-2])
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.
A metformina é uma dimetibiguanida que contraria a resistência à insulina
por mecanismos diversos, dependentes e independentes da insulina. No fígado,
os efeitos derivam da ativação da AMPK (
adenosine monophosphate-activated pro‑
tein kinase
), reduzindo a produção hepática de glicose, ao mesmo tempo que
aumenta também a sensibilidade periférica à insulina e reduz a absorção intesti-
nal de glicose. A sua grande eficácia, associada ao efeito neutro sobre o peso (e
em alguns casos conseguindo-se mesmo alguma perda de peso), ao baixo risco
de hipoglicemia e à razoável tolerabilidade (com casos raros de intolerância, na
maior parte dos casos por diarreia e perturbações gastrointestinais), tornam este
o fármaco de eleição, de primeira linha no tratamento da diabetes. Está contrain-
dicado em doentes com insuficiência renal e hepática (e também na presença de
hipoxemia, como pode ocorrer na insuficiência cardíaca ou respiratória, na sepsis
e na hipotensão acentuada), pelo risco de acidose láctica. Apesar da creatinina
> 1,4 mg/dl ou da taxa de depuração da creatinina (CLCr) < 60 mg/dl serem
recomendadas como limiares de uso para doses de 2-3 g/dia, reconhece-se que
a metformina pode ainda ser usada com TFG (taxa de filtração glomerular) de
30-45 ml/min/1,73 m
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desde que se tenha em conta a redução adequada da dose.
Em casos de intolerância podem ser utilizadas em alternativa as outras classes
farmacológicas.
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