9090
Ana Teresa Timóteo
90
a titulação da dose máxima de estatina antes de introdução de combinações de
antidislipidémicos (exceto em situações particulares de intolerância ou de defi-
ciente resposta terapêutica). Em prevenção secundária, os objetivos de controlo
são mais intensos e rigorosos. O alvo primário de tratamento é o LDL-C, pre-
tendendo-se valores < 70 mg/dl (<1,8 mmol/l) ou, quando não for possível, uma
redução � 50% em relação ao valor inicial
1,12-14,30,31
. Para isso, as estatinas em dose
elevada são a estratégia terapêutica adequada, embora, em alguns casos, se possa
privilegiar a associação a outros fármacos (com mecanismos de ação diferente e
complementar) como o ezetimiba. Como objetivo secundário, devemos ter aten-
ção ao colesterol não-HDL que deverá ser < 100 mg/dl (< 2,6 mmol/l), em parti-
cular nas dislipidemias combinadas, na SM e na diabetes e, naturalmente, também
nos doentes com doença renal crónica. O HDL-colesterol não está recomen-
dado como alvo de tratamento, apesar de, idealmente, pretendermos um valor
> 40 mg/dl nos homens e > 50 mg/dl nas mulheres, com os triglicéridos < 150
mg/dl. Nestes casos, pode ser necessário recorrer a outras opções terapêuticas
(
e.g.
fibratos, em particular o fenofibrato). A utilização isolada de alimentos enri-
quecidos em esteróis ou estanóis vegetais não está recomendada em prevenção
secundária, excepto em caso de intolerância comprovada a estatinas. De acordo
com a Sociedade Europeia de Aterosclerose, o consumo diário de alimentos enri-
quecidos em esteróis e/ou estanóis vegetais (até 2 g/dia) permite reduzir o LDL-C
em 10% (podendo, assim, ser admitido como adjuvante da modificação dos estilos
de vida em todos os doentes com risco CV)
32
. Habitualmente associados a esta-
tinas, podem também ser combinados – ainda que com evidência mais parca – ao
ezetimiba ou a fibratos.
Anote-se que, ao contrário das recomendações europeias, as norte-ame-
ricanas optaram por não especificar alvos terapêuticos. Assim, no contexto de
prevenção secundária, recomendam utilização de estatinas em dose elevada em
todos os indivíduos com < 75 anos (e em dose intermédia em idosos > 75 anos),
independentemente dos valores do LDL-C
9-11,29
.
Todas estas medidas farmacológicas (iniciadas de imediato face ao elevado
risco de eventos recorrentes CV) devem ser acompanhadas sempre pelas habi-
tuais modificações dos estilos de vida, nomeadamente pela prática regular de