Vanda Craveiro, Gabriela Albuquerque, Andreia Oliveira
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A Dieta Mediterrânica caracteriza‑se essencialmente por um consumo abun-
dante de alimentos de origem vegetal (produtos hortofrutícolas, cereais pouco
refinados, leguminosas secas e frescas, frutos secos e oleaginosos); um consumo
de produtos frescos da região, pouco processados e sazonais; o consumo de azeite
como principal fonte de gordura; um consumo moderado de lacticínios, sobretudo
de queijo e iogurte; um consumo baixo e pouco frequente de carnes vermelhas;
um consumo frequente de peixe; e um consumo moderado de vinho, em particular
tinto e às refeições
40,41
. Este padrão alimentar associa‑se à preparação de pratos
frescos e saborosos, com baixo teor de gordura saturada e
trans
, aliados a uma
riqueza nutricional derivada das gorduras saudáveis provenientes do azeite, dos fru-
tos secos oleaginosos e do peixe. A presença de hidratos de carbono complexos,
de micronutrientes, e de fatores não‑nutritivos, nomeadamente com ação antioxi-
dante, e ainda, a abundância em produtos vegetais ricos em fibras e um consumo
suficiente de proteína de origem vegetal e animal, fazem da Dieta Mediterrânica
um padrão alimentar genericamente saudável. Além disso, a Dieta Mediterrânica
encerra uma proporção adequada dos principais nutrientes e alimentos de baixa
densidade energética e de baixo índice glicémico nas refeições
42
. Apesar da Dieta
Mediterrânica ter um elevado teor lipídico, as fontes de gordura derivam principal-
mente de óleos vegetais monoinsaturados. Por essa razão a Sociedade Europeia de
Cardiologia /Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (ESC/EASD) admite
nas suas últimas recomendações para a Diabetes
Mellitus
, Pré‑Diabetes e doença
cardiovascular, com base na evidência obtida através do estudo PREDIMED, que a
Dieta Mediterrânica é uma alternativa aceitável à habitual dieta DASH
43, 44
.
O papel do profissional de saúde nas recomendações alimentares/
nutricionais
Os programas de reabilitação cardíaca/prevenção secundária devem ser
dotados de componentes centrais específicos com o objetivo de otimizar a redu-
ção de risco cardiovascular, adotar e aderir a comportamentos saudáveis, reduzir
a morbilidade e promover um estilo de vida ativa para os doentes com doença
cardiovascular estabelecida. Entre estes componentes incluem‑se o aconselha-
mento alimentar, bem como a monitorização do peso, da pressão arterial, dos