Vanda Craveiro, Gabriela Albuquerque, Andreia Oliveira
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ómega‑3, dos quais se destacam os ácidos gordos essenciais EPA e DHA, reco-
nhecidamente com efeitos cardioprotetores
11
.
A AHA recomenda para indivíduos com doença coronária estabelecida o
consumo de 1 g/dia de EPA e DHA (em indivíduos sem doença coronária a reco-
mendação é 50% inferior: 500 mg/dia)
5
. Para atingir as recomendações de 1g/dia,
preconiza‑se o consumo de peixes gordos pelo menos duas vezes por semana e
a inclusão de outros alimentos como nozes e outros frutos secos, ricos em pre-
cursores deste tipo de ácidos gordos.
Em prevenção secundária, a suplementação em EPA e DHA pode também
ser considerada, sob supervisão médica. Para indivíduos com hipertrigliceridemia,
as recomendações sobem para 2‑4 g/dia de EPA e DHA, fornecidos essencial-
mente através de cápsulas e sob supervisão médica
5, 12, 13
. Apesar de as recomen-
dações norte‑americanas serem também no sentido de uma possível suplemen-
tação alimentar, a suplementação da alimentação com ácidos gordos da série n‑3,
nomeadamente através dos óleos de peixe e de alimentos fortificados, ainda não
é totalmente conclusiva à luz da evidência científica atual. As recomendações para
a prevenção secundária de doentes com doença coronária e outras doenças vas-
culares ateroscleróticas reforçam que pode ser razoável recomendar ácidos gor-
dos da série n‑3 provenientes do peixe ou através de cápsulas de óleo de peixe
(1 g/dia) para a redução do risco cardiovascular (nível de evidência B)
8
. Contudo,
a
American Dietetic Association
refere especificamente que a suplementação com
óleo de peixe não deve ser recomendada em doentes com angina, com fibrilhação
ou taquicardia ventricular
14
.
Assim, a única recomendação estabelecida no âmbito da suplementação
nutricional parece ser a de ácidos gordos da série n‑3, sob supervisão médica e
apenas em prevenção secundária. No entanto, uma revisão da literatura datada
de 2015
15
ressalva que a evidência científica para o benefício da suplementação
em ácidos gordos da série n‑3 tem vindo a diminuir ao longo do tempo, pro-
vavelmente devido a um aumento do consumo de peixe e melhor intervenção
farmacológica em doentes com doença cardiovascular. O potencial de contami-
nação do peixe, nomeadamente da contaminação do peixe por metais pesados
é também um assunto em debate. Contudo, a confeção culinária, a remoção da