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Ana Teresa Timóteo
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Recomenda-se exercício aeróbio ou treino de resistência estruturados,
de preferência combinando as duas modalidades. Relativamente à intensidade,
pretende-se que esta seja preferencialmente moderada a vigorosa, durante pelo
menos 150 minutos / semana. Idealmente, recomendam-se 30-60 minutos / 5-7
dias / semana
1
. Para além do reforço da atividade física em programas estrutura-
dos, deve também ser reforçado e estimulado o aumento das atividades de vida
diária, mais fáceis de implementar e fundamentais para a manutenção de exercício
a longo prazo.
Obesidade e síndrome metabólica (SM)
Nos últimos anos, na sequência de profundas alterações ambientais, com-
portamentais e dos estilos de vida, a obesidade, em particular agregada a outros
fatores de risco metabólicos, tornou-se um problema importante de saúde
pública, atualmente também significativo nos países em vias de desenvolvimento
15
.
A obesidade associada a alterações da produção de adipocitoquinas, conduz ao
desenvolvimento de um estado pró-inflamatório e pró-trombótico, bem como
de resistência periférica à ação da insulina e com o aparecimento de um perfil
lipídico particular (com aumento de triglicéridos e redução do colesterol-HDL,
com alteração das características das partículas de LDL), para além da associa-
ção a hipertensão arterial. Diversas meta-análises de estudos na população geral
demonstraram uma associação direta entre a presença de obesidade e/ou SM e
a ocorrência de eventos CV no seguimento destes indivíduos
16
. É todavia reco-
nhecida a presença de um paradoxo de obesidade em indivíduos com doença CV
estabelecida, que contudo, apenas se aplica a indivíduos com excesso de peso ou
obesidade ligeira, uma vez que obesidade extrema acarreta complicações impor-
tantes
17
. A explicação para este fenómeno ainda não está determinada conclusi-
vamente.
A primeira definição formal de SM surgiu em 1998, pela Organização Mun-
dial de Saúde
18
. Desde então, diversos grupos de trabalho têm proposto outras
definições, mas sem dúvida que a mais divulgada e a mais amplamente utilizada na
investigação realizada nesta área foi a da
National Cholesterol Education Program –
Adult Treatment Panel III
(NCEP-ATP III). A sua simplicidade foi um fator decisivo