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Claudio Gil Soares de Araújo
Particularidades da prescrição do exercício
em condições específicas das doenças cardiovasculares
Já faz um longo tempo
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desde que começou a ser discutida e proposta a
prescrição de atividade física, exercício físico e desporto para doentes que tives-
sem tido um enfarte agudo do miocárdio. Nas últimas décadas o tema evoluiu
bastante, tanto nas características e abrangência do que se compreende como
um programa de reabilitação cardíaca (PRC) mas, muito também, pela ampliação
do perfil clínico dos doentes cardíacos capazes de beneficiar dos denominados
PRC dentro de sua estratégia de prevenção primária, para aqueles considerados
de alto risco para doenças cardiovasculares (DCV), e secundária para aqueles que
já possuem DCV
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Esta secção irá desenvolver o tema da ampliação das indicações de PRC em
Cardiologia. Serão discutidas quais são as indicações de participação em PRC
para doentes cardíacos, que não sejam, apenas portadores de doença coronária.
Serão também comentadas as principais particularidades que devem existir nos
PRC, no que se refere à prescrição do exercício físico, para os doentes cardíacos
não‑coronários. Não obstante, antes de começar efetivamente a tratar dos obje-
tivos dessa secção, é oportuno procurar as informações e as evidências que, em
última instância, vão justificar essa abordagem ampliada e das diversas indicações
de um PRC.
De entre a enorme gama de exames complementares e laboratoriais que
podem ser solicitados a um dado doente, talvez a variável que melhor traduza sua
saúde geral e, em especial, o seu prognóstico, principalmente quando se trata de
adultos de meia‑idade ou de idade mais avançada, é o consumo máximo de oxi-
génio (VO2 máximo) obtido num teste de exercício (preferencialmente medido
através da análise de gases expirados no denominado teste cardiopulmonar de
exercício ou ergoespirometria)
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