Lino Patrício, Inês Gonçalves
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mária). Caso a ICP primária não se consiga realizar em menos de 120 minutos, o
tempo recomendado desde o primeiro contacto médico até à fibrinólise (tempo
porta‑agulha) deve ser inferior a 30 minutos
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.
A antiagregação plaquetária e a terapêutica anticoagulante têm um papel
determinante no prognóstico dos doentes submetidos a ICP primária e atual-
mente recomenda‑se que o seu tratamento inclua dois antiagregantes [ácido
acetilsalicílico (AAS) em combinação com um antagonista do receptor P2Y
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],
administrados o mais precocemente possível antes da angioplastia, e um anticoa-
gulante parentérico.
Antiagregação
O racional para o uso de antiagregantes no contexto de EAMCSST baseia‑se
na necessidade de manter a artéria aberta, proteger a microcirculação, prevenir
o reenfarte e reduzir a mortalidade. Quanto à mortalidade, o estudo ISIS‑2
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demonstrou uma redução de quase 50% às cinco semanas com a introdução
do AAS. A sua utilização tornou‑se obviamente inquestionável na ICP primária,
com doses de carga de 150‑300mg orais (p.o.) ou 80‑150mg endovenosas (e.v.).
Outros estudos demonstraram o seu benefício em associação com heparina não
fracionada (HNF) administrada na fase pré‑hospitalar.
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Ao AAS deve ser adicionado um antagonista do receptor P2Y
12
. As opções
atualmente disponíveis são o clopidogrel (doses de carga de 600mg e de manu-
tenção de 75mg 1id p.o.), ticagrelor (doses de carga de 180mg e de manutenção
de 90mg 2id p.o.) e prasugrel (doses de carga de 60mg e de manutenção de
10mg 1id p.o.). Apesar de ser prática comum a administração destes fármacos
ainda no pré‑hospitalar, não existia nenhum estudo realizado nesse sentido e
que demonstrasse vantagens na reperfusão coronária e nos
outcomes
clínicos. O
ensaio ATLANTIC, recentemente publicado e único até ao momento sobre este
tema, demonstrou que a administração da carga de ticagrelor no pré‑hospitalar
foi segura, mas não melhorou a reperfusão coronária pré‑PCI nem a ocorrência
de eventos cardiovasculares
major
aos 30 dias, comparativamente à sua adminis-
tração apenas na sala de hemodinâmica, verificando‑se uma redução da trombose
de
stent
no grupo com terapêutica pré‑hospitalar
4
.