Lino Patrício, Inês Gonçalves
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com trombose de
stent
sob terapêutica com clopidogrel. Estudos atualmente a
decorrer nesta população poderão vir a alterar a atual estratégia consoante os
seus resultados.
O uso dos inibidores da GP IIb/IIIa nos doentes submetidos a angioplastia
coronária percutânea varia de acordo com o cenário clínico. Estudos realizados
em doentes estáveis de risco baixo a moderado (doença de vaso nativo estável e
sem comorbilidades
major
), tais como o ensaio ISAR‑REACT 3
26
e uma subanálise
do estudo ESPRIT
32
, não demonstraram benefício aos 30 dias e ao um ano do
seu uso em doentes pré‑tratados com 600mg de clopidogrel. Assim, os cardio-
logistas de intervenção, em concordância com as recomendações internacionais
atuais, limitam o seu uso durante uma ICP eletiva aos doentes de alto risco, sem
pré‑tratamento adequado com terapêutica antiagregante oral ou naqueles com
um resultado angiográfico subóptimo (formação de trombos intra‑procedimento,
fluxo lento, oclusão aguda do vaso)
11
.
Anticoagulação
Quanto à terapêutica anticoagulante peri‑intervenção coronária eletiva, a
utilização de heparina não fracionada, numa dose de 70‑100U/kg, permanece
como a estratégia
standard
, tenho um nível de recomendação IB nas recomen-
dações europeias
11
. Como a bivalirudina mostrou uma não inferioridade a esta
estratégia (REPLACE‑2 trial
33
) associada a uma significativamente menor inci-
dência de hemorragia (ISAR‑REACT 3 trial
26
), está atualmente recomendada
nos doentes com trombocitopenia induzida pela heparina (IC) ou naqueles com
alto risco hemorrágico (IIaA) numa dose de 0,75mg/kg em bólus seguida de uma
dose de manutenção de 1,75mg/kg/h a perfundir até quatro horas após o pro-
cedimento
11
. Já o papel da enoxaparina permanece incerto como estratégia de
rotina na ICP. Apesar de aparentemente ter uma eficácia semelhante e menor
risco de hemorragia
major
comparativamente à HNF, o maior ensaio realizado
sobre esta temática (STEEPLE trial
34
) foi interrompido precocemente por uma
tendência não significativa para um excesso de mortalidade de causa não isqué-
mica e não confirmada ao primeiro ano de
follow up
, daí que os seus resultados
devam ser interpretados com cautela e a sua administração, na dose de 0,5mg/
kg e.v., tem um grau de recomendação mais baixo do que as restantes estraté-