Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 284

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Manuela Abreu, Sofia Barbosa, Ricardo Prata
Neste contexto, a
American Heart Association
, em 2008
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, recomendou a tria-
gem da depressão em doentes com doença coronária para identificar aqueles que
poderiam beneficiar de avaliação adicional e de tratamento específico.
Cabe assim aos psiquiatras, uma avaliação mais rigorosa do diagnóstico e a
respetiva orientação terapêutica, farmacológica e não farmacológica, tendo em
conta as co‑morbilidades médicas e interações medicamentosas comuns, nos
doentes cardíacos.
Neste subcapítulo, pretendemos dar a conhecer alguns aspetos básicos para
uma intervenção psicofarmacológica eficiente, tendo em conta a eficácia dos
medicamentos, a tolerância e uma maior adesão à terapia, por parte dos doentes.
A escolha de psicofármacos no tratamento de doentes cardíacos consti-
tui um desafio importante já que envolve, além do risco conferido pela própria
doença cardíaca, a interação com outros fármacos. Esta opção terá de ser sem-
pre baseada numa adequada avaliação do risco‑benefício.
No que concerne aos antidepressivos, os principais efeitos adversos car-
diovasculares consistem, essencialmente, numa maior propensão para arritmias,
em parte devido à tendência para o prolongamento do intervalo QT, predis-
pondo, embora de forma rara, à
torsade de pointes
ou a fibrilhação ventricular;
as alterações da condução com a possibilidade de bloqueio auriculoventricular,
alargamento do complexo QRS ou outros; e ainda as repercussões na frequência
cardíaca e na pressão arterial, alguns deles predispondo à hipotensão ortostática.
No sentido de minimizar os efeitos cardiovasculares dos antidepressivos reco-
menda‑se que a sua escolha seja realizada com base no seu perfil de segurança e que
a sua administração se inicie em doses baixas com titulação lenta e monitorização
eletrocardiográfica, periódica, para a avaliação da duração do intervalo QT. Cuida-
dos maiores na monitorização dos doentes podem ser apropriados, tendo ainda
em conta, a sua polimedicação. É importante pedir ao doente, no início da terapia
antidepressiva, um registo diário da pressão arterial (PA) e eletrocardiograma basal,
com o objetivo de comparar com um novo traçado três a quatro semanas depois.
Considerações sobre os antidepressivos
Existem diversas classes de antidepressivos baseadas na sua estrutura quí-
mica e no seu mecanismo de ação.
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