Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 293

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Antidepressivos e ansiolíticos em doentes cardíacos
Na verdade, a cardiotoxicidade relativa dos antidepressivos é difícil de esta-
belecer com precisão, mas existem particularidades de cada antidepressivo que
nos parecem importantes considerar aquando da escolha.
Assim, quando avaliamos um doente que simultaneamente possui doença
depressiva
major
e cardiopatia, ambas as problemáticas devem ser consideradas
detalhadamente.
Relativamente às queixas depressivas, devemos caracterizar melhor os
sintomas, questionando se existe agravamento matinal ou vespertino e qual a
preponderância da ansiedade; se o doente está mais triste e choroso, ou se o
elemento dominante do quadro é mais a anedonia, isto é, a perda de prazer em
atividades anteriormente agradáveis; se existe tristeza/angústia «vitalizada», sen-
tida como uma dor no peito; qual o estado da «arquitectura» do sono, questio-
nando acerca da existência de insónia, que, a existir, pode ser inicial, intermédia
ou tardia. Estas são algumas questões que nos poderão orientar na escolha do
antidepressivo, tendo em conta o seu perfil, mais ou menos sedativo ou ativador,
ou ainda, qual o ansiolítico a prescrever e em que dose. No caso da insónia, em
particular, dá‑nos uma indicação quanto ao fármaco a selecionar, se pretende-
mos um efeito de indução do sono ou se a sua ação se destina a promover um
sono sem interrupções. Outro aspeto importante, a considerar, é se o doente já
tomou algum antidepressivo, anteriormente, e qual foi a eficácia. No caso de ter
tido uma boa resposta, poderá ser esse o antidepressivo a eleger, no caso de se
enquadrar nos fármacos seguros no contexto de doença cardíaca.
Quanto à doença cardiovascular, deve ser analisado se existe uma doença
isquémica, arrítmica, hipertensiva, uma insuficiência cardíaca ou apenas um
aumento do risco cardiovascular condicionado por uma perturbação metabólica.
Como assinalamos na Tabela 6, o perfil de efeitos deletérios cardiovasculares é
muito variável de fármaco para fármaco e devem ser analisados caso a caso.
Como se sabe, nos últimos anos têm sido realizados diversos estudos nomea-
damente o estudo ENRICHD (
Enhancing Recovery in Coronary Heart Disease
)
50,51
,
SADHEART (
Sertraline Antidepressant Heart Attack Randomized Trial
)
52
, MIND‑IT
(
Myocardial Infarction Depression Intervention Trial
)
39
ou o CREATE (
Cardiac Ran‑
domized Evaluation of Antidepressant and Psychotherapy Efficacy
)
31
, sobre a eficácia
e segurança dos antidepressivos, em doentes com cardiopatia isquémica. Estes
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