Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 294

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Manuela Abreu, Sofia Barbosa, Ricardo Prata
estudos envolveram inibidores seletivos da recaptação da serotonina ‑ SSRIs,
designadamente, a sertralina, paroxetina, fluoxetina, citalopram e escitalopram,
tricíclicos ‑ TCA, em particular a nortriptilina e, finalmente, os inibidores seleti-
vos da recaptação da noradrenalina e serotonina ‑ SNRI, mais concretamente a
mirtazapina e venlafaxina. No global, foram considerados eficazes e seguros no
tratamento da depressão em doentes com cardiopatia isquémica, no entanto, a
opção do psiquiatra deve ser feita tendo em conta o perfil individual do fármaco,
bem como os efeitos secundários mais frequentes, de cada um. Destacam‑se
alguns exemplos: o caso da venlafaxina, que tendencialmente aumenta, o valor da
pressão arterial diastólica; os SSRIs que podem associar‑se a hemorragia digestiva
em doentes com essa propensão ou ainda, a mirtazapina que provoca aumento
do apetite e, consequentemente, do peso. Todos estes aspetos devem ser ponde-
rados pelo especialista no momento da prescrição farmacológica.
Assim sendo, o psiquiatra pode ter um papel importante, como elemento
integrante de um programa de reabilitação cardíaca, em estreita colaboração
com o psicólogo, no sentido de perspetivar além da abordagem psicoterapêutica,
uma intervenção farmacológica adequada ao quadro depressivo e/ou ansioso que
possa ocorrer atendendo a que a sua prevalência é, neste contexto, elevada.
Antidepressivos e interações com anticoagulantes
e antiagregantes plaquetários
Os fármacos anticoagulantes e antiagregantes são utilizados de forma extensa
por uma proporção significativa de doentes depressivos. Além disso, atendendo
aos vários fatores que aumentam o risco cardiovascular dos doentes com essa
patologia, é essencial que os clínicos conheçam e compreendam como é que os
agentes antidepressivos e ansiolíticos afetam os doentes anticoagulados/antiagre-
gados. No entanto, apesar do potencial de interação, pouco se sabe acerca do
risco real de eventos clínicos adversos. Apesar da escassez de informação estru-
turada, nesta secção procuramos sistematizar a informação disponível.
Além do potencial envolvido nos mecanismos de interação possíveis, existem
fatores independentes dos psicotrópicos que podem condicionar uma alteração da
coagulação. Os antidepressivos, particularmente os SSRIs e SNRIs, podem condi-
cionar um aumento do risco hemorrágico através de vários mecanismos, tais como
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